Vista da exposição África Negra no MASP, 1988. Fotografia de Luiz Hossaka, aquivo MASP.
20 e 21 de outubro, das 10h às 17h30
[October 20th and 21st, from 10 am to 5:30 pm]
O seminário dá continuidade a uma primeira discussão realizada em outubro de 2016 e que teve a participação de pesquisadores, ativistas, curadores e teóricos. Em 2018, o MASP organizará um ano inteiro de exposições, palestras, oficinas, publicações e mostras de filmes em torno das histórias afro-atlânticas. Esse programa de um ano inclui várias exposições de artistas contemporâneos, como Julie Mehretu e Jean-Michel Basquiat, artistas brasileiros, como Rubem Valentim e Aleijadinho, entre outros. O projeto está ancorado em uma grande exposição intitulada Histórias Afro-Atlânticas, organizada pelo Instituto Tomie Ohtake em parceria com o Museu de Arte de São Paulo. A exposição reunirá uma vasta gama de obras de arte e documentos relacionados aos “fluxos e refluxos” (para usar a expressão de Pierre Verger) entre a África, as Américas, o Caribe e a Europa.
Histórias Afro-Atlânticas irá entrelaçar e justapor, pela primeira vez e em larga escala, imagens provenientes da África, das Américas, do Caribe e da Europa, do século XVI ao XXI, abrangendo uma variedade de tópicos – retratos, viagens e tráfico, celebração e religião, liberdade e abolição, punição e insurreição, ativismo, bem como afro-modernismo. O seminário de discussão de dois dias incluirá esses temas e terá a participação de curadores, artistas, pesquisadores e escritores.
[Afro-Atlantic Histories Seminar]
The seminar offers continuity to a first discussion that took place in October 2016 with the participation of researchers, activists, curators, and theorists. For 2018, MASP is organizing a whole year of exhibitions, talks, workshops, publications, and film screenings around the Afro-Atlantic histories. This year-long program includes several individual exhibitions – from contemporary artists, such as Julie Mehretu and Jean Michel Basquiat, to Brazilian mid-century figures, such as Rubem Valentim and Baroque sculptor Aleijadinho, among several others. The entire program is anchored in a major group exhibition titled Histórias Afro-Atlânticas [Afro-Atlantic Histories], organized both by Instituto Tomie Ohtake and Museu de Arte de São Paulo. The exhibition will gather a wide array of artworks and documents related to the “flows and reflows” (as Pierre Verger used to put) between Africa, the Americas, the Caribbean, and Europe.
Histórias Afro-Atlânticas will weave and juxtapose, for the first time and in large scale, images coming from Africa, the Americas, the Caribbean, as well as Europe, from the 16th to 21st century, encompassing a variety of topics – portraits, travels and traffic, celebration and religion, freedom and abolition, punishment and insurrection, activism, as well as Afro modernism. The discussions of these two days will approach such themes with the participation of curators, artists, researchers, and writers.
A retirada de ingressos será realizada duas horas antes do seminário, a partir das 8h, na bilheteria do Museu.
Será necessário o cadastro de e-mail, nome completo e a apresentação de um documento oficial na retirada do ingresso.
Cada ingresso é válido para 1 (um) dia de evento, sendo necessária a retirada em cada um dos dias.
Os certificados serão emitidos somente para os participantes que comparecerem nos dois dias do seminário, e serão enviados para o e-mail cadastrado previamente.
[Tickets will be available two hours before the seminar, from 8 am on, at the Museum’s box office.
A registration will be required for getting the tickets, comprising e-mail address, full name, and presentation of an official document.
Each ticket is valid for one (1) day of event, thus being necessary to do so for each of the two days.
Certificates will be issued only for those attending the two days of the seminar, and will be sent over e-mail to the previously registered address.]
ORGANZAÇÃO [ORGANIZATION]: Adriano Pedrosa, André Mesquita e [and] Lilia Moritz Schwarcz.
PROGRAMA [PROGRAM]
Sexta, 20 de outubro [Friday, October 20th]
10h – 10h30 [10 am – 10:30 am]
INTRODUÇÃO [INTRODUCTION]
10h30 – 12h30 [10:30 am to 12:30 pm]
TUMELO MOSAKA
Reflexões passadas e novas perspectivas: Uma nota curatorial
A África tem estado no centro de uma grande variedade de debates que moldaram a nossa compreensão contemporânea da criação do Novo Mundo. Com base em legados históricos como o Atlântico Negro, a escravidão e o colonialismo, hoje em dia artistas da África e da diáspora têm explorado novas formas de enfrentar a fixidade e as limitações associadas à interpretação da cultura negra. Irei apresentar os estudos selecionados extraídos da minha prática curatorial que se deslocam da escravidão no sul dos EUA para as representações coloniais no Caribe como exemplos de intercâmbio, contato e conflito em que a cultura negra se esforça para evoluir e refletir sobre as realidades contemporâneas.
[Past reflections and new perspectives: A curatorial note
Africa has been at the center of a wide variety of debates that have shaped our contemporary understanding of the making of the New World. Drawing from historical legacies such as the Black Atlantic, slavery, and colonialism, nowadays artists from Africa and the Diaspora have been exploring new ways of confronting the fixity and limitations associated with interpreting the Black culture. I will present selected studies drawn from my curatorial practice moving from slavery in the US South to colonial representations in the Caribbean as examples of exchange, contact, and conflict in which the Black culture strives to evolve and to reflect on contemporary realities.]
KALIA BROOKS NELSON
O eu plural: Raça, feminilidade e imagem de arquivo
Esta apresentação considera a fotografia como fonte de recuperação e renomeação de histórias pessoais para povos da diáspora africana. Fotografias familiares e outras imagens de arquivo são materiais que os artistas visuais usam como meio de criticar e reimaginar a posição do corpo negro dentro das narrativas coloniais e pós-coloniais. Irei me concentrar em artistas não-brancas que estão usando imagens encontradas como maneira de construir uma identidade que abraça a pluralidade de encontros que é parte inerente da experiência da diáspora. É central para o meu trabalho como curadora um compromisso contínuo com a noção de representação em relação a gênero e raça. Estou particularmente envolvida em observar os modos como os artistas empregam imagens para questionar e apresentar novas proposições de identificação radical através da prática artística contemporânea.
[The plural self: Race, femininity, and the archival image
The presentation considers the photograph as a source for reclaiming and renaming personal histories for people within the African diaspora. Family photographs and other archival images are materials that visual artists use as a means of critiquing and reimagining the position of the black body within colonial and post-colonial narratives. I will focus on women, artists of color who are using found images as the mode by which to construct an identity that embraces the plurality of encounters that are an inherent part of the diasporic experience. Central to my work as a curator is an ongoing engagement with the notion of representation as it relates to depictions of race and gender. I am particularly concerned with observing the ways artists are employing images to question and put forward new propositions of radical identification through the contemporary art practice.]
O'NEIL LAWRENCE
Retratando/Imaginando o corpo negro masculino na Jamaica pós-colonial
O Caribe às vezes parece ser um lugar de esquizofrenia cultural devido às muitas inseguranças e ambivalências que o colonialismo deixou em seu rastro. Para pessoas de ascendência africana, isso tem sido particularmente traumático, pois elas ficaram e permanecem desprotegidas pelas normas sociais e hierarquias raciais persistentes. O Caribe contemporâneo é um lugar de identidades complexas e muitas vezes contestadas, algo particularmente evidente na forma como são construídas as masculinidades. Nesse contexto, o corpo masculino e, especificamente, as imagens do corpo provaram ser uma arena para discursos complexos e contraditórios acerca da masculinidade e da sexualidade masculina, com fortes normas sociais em disputa. Os conceitos de masculinidade estiveram no centro dos projetos nacionais pós-coloniais que – como Melinda Edmondson colocou – se preocuparam em “fazer homens”, ou seja, em fazer assumidamente homens heteronormativos. A apresentação discutirá as maneiras pelas quais o corpo negro, através de suas diversas representações artísticas, permanece sendo um espaço político e contestado.
[Imaging/Imagining the black male body in postcolonial Jamaica
The Caribbean at times seems to be a place of cultural schizophrenia due to the many insecurities and ambivalences that colonialism has left in its wake. For people of African descent, it has been particularly traumatic as they have been and remain disenfranchised by lingering racial hierarchies and cultural norms. The contemporary Caribbean is a place of complex and often contested identities, and this is particularly evident in the way masculinities are constructed. In this context, the male body and specifically images of the body have proven to be an arena for complex and contradictory discourses on masculinity and male sexuality, with strong social norms contending. Concepts of masculinity have been at the center of the postcolonial national projects which – as Melinda Edmondson has put it – have concerned themselves with “making men,” that is, assumedly making normative heterosexual men. The presentation will discuss the ways in which the black body, through its varying artistic representations, has remained a political and contested space.]
14h – 16h [2 pm – 4 pm]
AYRSON HERÁCLITO
A reunião das margens do Atlântico: O sacudimento da Casa da Torre, na Bahia, e o sacudimento da Maison des Esclaves, em Gorée
O sacudimento ou o exorcismo afro-brasileiro de dois grandes monumentos arquitetônicos ligados ao tráfico atlântico de escravos e à colonização. Essa é a temática central das duas performances criadas pelo artista Ayrson Heráclito, realizadas em ação ritual em cada uma das margens atlânticas. Executada em 2015, a proposta articula as intervenções em dois grandes monumentos arquitetônicos: um associado ao antigo sistema colonial português, no caso da Casa da Torre dos Garcia d’Ávila, na Bahia, e o outro, ao sistema escravista que ligou a África a América, no caso da Maison des Esclaves [Casa dos Escravos], na ilha de Gorée. A obra retoma criticamente o passado colonial e o escravismo para refletir sobre as condições históricas e sociais do presente nas duas margens atlânticas, ou seja, quais as consequências duradouras da colonização e do escravismo para a África e para o Brasil.
[Reuniting the banks of the Atlantic: The dispossessions of Casa da Torre, in Bahia, and that of Maison des Esclaves, in Gorée
The African-Brazilian dispossession or exorcism of two major architectural monuments tied to colonization and the Atlantic slave trade. Such is the central topic of two performances proposed by artist Ayrson Heráclito and ritually performed in both sides of the Atlantic. Carried out in 2015, the proposition articulates interventions in two major architectural monuments: one associated with the ancient Portuguese colonial system, the Casa da Torre dos Garcia d’Ávila [Tower House of the Garcia d’Ávila], in Bahia, and the other attached to the slavery system that linked Africa and America, the Maison des Esclaves [House of Slaves], on Gorée Island. This work critically retrieves slavery and the colonial past in order to reflect on the current social and historical conditions in both of the Atlantic banks, i.e., what are the lasting consequences of colonization and slavery for both Africa and Brazil.]
REGINALDO PRANDI
Deuses, histórias e religiões afro-atlânticas
Ouvi dizer que Iemanjá partiu de Abeocutá, sua cidade africana, desceu o rio Ogum até o mar e que, ali chegando, encantou-se em uma concha, que uma bela mulher pôs no cabelo para se enfeitar. Presa por caçadores de escravos, essa mulher foi transportada através do Atlântico e vendida como escrava no Brasil. Trouxe no cabelo a concha, trouxe Iemanjá escondida em seu cabelo. Ouvi dizer também que Iemanjá se atirou no rio Ogum e nele se encantou num otá, uma pequena pedra branca e lisa, polida durante séculos pela areia do leito do grande rio. Uma sacerdotisa reconheceu Iemanjá na pedra que encontrou na margem do rio e a guardou em suas partes íntimas. Feita escrava, essa mulher foi levada a Cuba, carregando Iemanjá consigo. Assim Iemanjá chegou à América. São versões de uma mesma história que junta orixá, tráfico de escravos e conquista pelos deuses africanos de novas terras e, depois, de novas gentes. Uma entre mil histórias de lá e de cá do Atlântico, que servem para juntar o que estava separado.
[Afro-Atlantic deities, histories, and religions
I heard that Iemanjá left Abeokuta, her African hometown, went down the Ogum river and, once there, charmed herself into a shell that was then taken by a beautiful woman to adorn her hair. Made captive by slave hunters, this woman was brought over the Atlantic and sold as a slave in Brazil. The shell came in her hair, that is, Iemanjá came along hidden in her hair. I also heard that Iemanjá threw herself at the Ogum river and there charmed herself into an otá, a white pebble polished by the sand of the banks of the great river over the centuries. A priestess then recognized her in the pebble she found by the riverside and kept it on her private parts. Enslaved, this woman was taken to Cuba and carried Iemanjá along with her. That’s how Iemanjá came to America. Different versions of the same history, which gathers orishas, slave trade, as well as the conquering of new territories, and later new people, by the African gods. One among thousands of stories from both sides of the Atlantic, serving to reunite what was separated until then.]
EVELINE SINT NICOLAAS
Procurando por histórias: Os preparativos da exposição sobre escravidão em 2020
No outono de 2020, o Rijksmuseum organizará uma exposição sobre escravidão. A exposição será centrada ao redor de dez histórias pessoais de sujeitos escravizados e outros envolvidos, como marinheiros, agricultores e comerciantes. Vamos nos concentrar no envolvimento holandês na escravidão mundial e também incluir a escravidão na Ásia e África do Sul. Ao escolher uma configuração biográfica em vez de um ângulo histórico mais tradicional, esperamos tornar acessível essa importante história mútua para um público mais amplo. O desafio para os próximos anos será o de encontrar histórias e objetos, pois pessoas escravizadas tinham poucas posses e registros. Será que objetos coloniais podem fazer justiça à história dos escravos? Como garantir que a narrativa histórica não seja contada exclusivamente a partir de uma perspectiva ocidental? Desde o anúncio da exposição, em fevereiro de 2017, houve um grande e diversificado interesse do público. O Rijksmuseum está à procura de meios para incorporar essa participação pública nos preparativos e também durante a exposição.
[Searching for stories: The preparations of the exhibition on slavery in 2020
In the autumn of 2020, the Rijksmuseum will organize an exhibition on slavery. The exhibition will center around ten personal stories of enslaved people and others involved, like sailors, planters, and traders. We will focus on the Dutch involvement in worldwide slavery and also include slavery in Asia and South Africa. By opting for a biographical setup rather than a more traditional historical angle, we hope to make this important mutual history accessible for a broader audience. The challenge for the coming years will be to find stories and objects, since enslaved people had few possessions and records. Can colonial objects do justice to the history of the enslaved people? How do we ensure the historical narrative is not told exclusively from a Western perspective? Since the announcement of the exhibition in February 2017, there has been a great and diverse interest from the public. The Rijksmuseum is looking for ways to incorporate this public participation in the run-up to and during the exhibition.]
16h30-17h30 [4:30 pm – 5:30 pm]
Conferência [Conference]
DENISE FERREIRA DA SILVA
O evento racial
A apresentação fará uma leitura fractal de eventos de violência racial, oferecendo um procedimento desenhado com uma contribuição crítica a revisões recentes do materialismo histórico e teses decoloniais. Lendo episódios de violência racial fora do tempo, esta leitura expõe como os mecanismos e arquiteturas jurídicas e economias coloniais re(per)sistem como capitalismo global.
[The racial event
This presentation will perform a fractal reading of episodes of racial violence, offering a procedure elaborated with a critical contribution towards recent revisions of historical materialism and decolonial theses. Shedding light on out-of-time episodes of racial violence, the reading exposes how legal mechanisms and architectures, as well as colonial economies re(per)sist as global capitalism.]
Sábado, 21 de outubro [Saturday, October 21st]
10h30 – 12h30 [10:30 am – 12:30 pm]
CHIKA OKEKE-AGULU
Depois do modernismo: El Anatsui e a ideologia Sankofa
Na Bienal de Veneza de 2007, El Anatsui apresentou três esculturas de metal monumentais que surpreenderam críticos do mundo da arte ocidental-internacional e que desconheciam o seu trabalho. Desde aquela exposição, o artista ganhou reputação como um dos nomes mais interessantes que trabalham na cena da arte contemporânea global. Mesmo assim, críticos e estudiosos da arte contemporânea têm lutado para dar sentido a esses objetos de arte enigmáticos, formalmente complexos, frequentemente imponentes e impressionantes. Eles foram comparados com o tecido Kente do povo Akan da África Ocidental e, por esse mesmo motivo, também considerados como representação do exemplo moderno das ricas artes têxteis da África. Leituras mais requintadas os comparam com as brilhantes superfícies metálicas das pinturas de Gustave Klimt na virada do século XX. Em vez de simplesmente argumentar contra essas interpretações, faço uma leitura de como esses trabalhos funcionam como novos tipos de objetos que mudam de forma e são paradoxalmente vivos. Além disso, situo-os na obra de Anatsui, que inclui trabalhos importantes embora menos conhecidos, como algo que ilumina o papel da Sankofa – a ideologia política de meados do século XX promovida por Kwame Nkrumah, o nacionalista, panafricano e primeiro presidente de Gana – para moldar sua visão artística, política e estética.
[After modernism: El Anatsui and the Sankofa ideology
At the 2007 Venice Biennale, El Anatsui presented three monumental metal sculptures that stunned critics in the western-international art world previously unaware of his work. Since that exhibition, the artist has earned a reputation as one of the most exciting names working in the global contemporary art scene. Even so, critics and contemporary art scholars have struggled to make sense of these enigmatic, formally complex, frequently imposing, and impressive art objects. They have been compared to Kente cloth of the Akan people of West Africa, and thus said to represent a modern-day example of the rich textile arts of Africa. Fancier readings have compared them with the shimmering metallic surfaces of Gustave Klimt’s turn-of-the-20th-century paintings. Rather than simply argue against these readings, I read these works as a new kind of shape-shifting, paradoxically living objects. Moreover, I situate them within Anatsui’s oeuvre, which includes important though lesser known works in other media, but which illuminate the role of Sankofa – the mid-20th-century political ideology promoted by Kwame Nkrumah, the nationalist, Pan-Africanist, and first President of Ghana – in shaping his artistic vision, politics, and aesthetics.]
EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA
Herdeiros de Ananse: Memória social e as mitopoéticas de comunidades afrodescendentes em Minas Gerais
A partir de um corpus textual urdido em prosa (narrativas de preceito, histórias de vida) e verso (cantopoemas, ensalmos) em comunidades rurais e afrodescendentes de Minas Gerais, abordaremos algumas relações que os sujeitos dessas comunidades estabelecem entre os fatos sociais e a elaboração de seus discursos. Tais discursos são articulados em conformidade com uma linha epistemológica que contribui para a sustentação histórica e social dessas comunidades. Ao tecê-los, seus agentes cifram e decifram um sistema de valores tensionado, decorrente dos conflitos e das negociações que envolvem as suas experiências atuais e as de seus antepassados. Ao mesmo tempo, esses discursos se insinuam entre as informações geradas a partir de pesquisas que se baseiam em fontes objetivas, tais como os documentos oficiais, os monumentos, as bibliotecas etc. Ouvir o canto falado desses discursos constitui um desafio a quem deseja apreender, ainda que parcialmente, a densidade de suas perspectivas semânticas.
[Heirs of Ananse: Social memory and the mythopoetics of African descent communities in Minas Gerais
From a corpus of texts weaved in prose (precept narratives, life stories) and verse (sung poetry, psalms) in rural, African descent communities of Minas Gerais, we will approach some of the relations that members of these communities establish between social facts and the construction of their discourses, articulated in conformity with an epistemologic line that contributes to socially and historically sustain these communities. By weaving them, their agents cypher and decypher a tighten system of values, ensuing of the conflicts and negociations involving their current experiences, as well as that of their ancestors. At the same time, these discourses hint among research information based on objective sources, such as official documents, monuments, libraries, etc. To hear the spoken chant of their discourses constitutes a challenge for those wishing to aprehend, even if partially, what is the density of their semantic perspectives.]
CLAIRE TANCONS
O caminho da rua: Roadworks e o movimento independente dos Mas’ no carnaval de Trinidad
Metáforas marítimas marcaram o carnaval de Trinidad deste ano, caracterizando-o por seus marinheiros, muitos deles “sofisticados”, outros de “mau comportamento”, mas todos arrastados pelas orlas da capital das ilhas gêmeas de Trinidad e Tobago, como que para ancorar ainda mais o imaginário do Carnaval no locus do Carrus Navalis [Carro Naval], uma etimitologia outra e contestada que cerca o termo. Rejeitando a etimitologia aceita do Carnaval como vindo de Carne Levare [Adeus à carne] dentro do contexto colonial de comércio de carne humana, esta apresentação sugere uma teoria pós-colonial dessa comemoração baseada na experiência do tráfico negreiro, nas consequências das conquistas coloniais e seguindo os movimentos de independência da era contemporânea. Tudo isso se faz junto com uma apresentação simultânea da produção artística de um grupo selecionado de artistas visuais, estilistas, além de mulheres e homens Mas’ no carnaval de Trinidad em 2017, delineando a ideia do Mas’ (componente artístico do carnaval trinitário), testando o conceito do roadwork (trabalho de rua, expressão cunhada na esteira do trabalho de arte) e inaugurando a ideia de um movimento Mas’ independente que está transformando as práticas artísticas contemporâneas e carnavalescas de uma só vez. Nesse percurso, sugere-se que, assim como o oceano era a rota, os caminhos da rua contêm memórias e imaginários oceânicos, reimaginando e retratando o circum-atlântico.
[The way of the road: Roadworks and the independent Mas’ Movement in the Trinidad carnival
Maritime metaphors marked this year’s Trinidad Carnival for its sailors, mostly “fancy,” sometimes “bad-behaved,” washed up on the shores of the twin-island nation capital of Trinidad and Tobago as if to further anchor Carnival’s imaginary within the locus of the Carrus Navalis [Chariot of the Sea], Carnival’s other, contested etymythology. Dismissing Carnival’s accepted etymythology as Carne Levare [Farewell to the Flesh] within the colonial context of the commerce of human flesh, this presentation posits a postcolonial carnival theory rooted within the experience of the Middle Passage, in the aftermath of the colonial conquests, and following the independence movements of the contemporary era. It does so while simultaneously introducing the artistic productions of a select group of visual artists, fashion designers and mas(wo)men in the 2017 Trinidad Carnival, delineating the idea of Mas’ (the artistic component of the Trinidad Carnival), testing the concept of roadwork (coined after artwork), and inaugurating the idea of an independent Mas’ movement that is transforming contemporary artistic and carnival practices at once. In so doing, it suggests that, as ocean was the road, so does the way of the road contain the oceanic memories and imaginaries, reimagining and reimaging of the Circum-Atlantic.]
14h – 16h [2 pm – 4 pm]
ANDRIANNA CAMPBELL
Da apropriação cultural na era digital: Leigh, Siré e Weist
Qual é o lugar da autoria e da apropriação cultural na era digital? Essa apresentação revisita O local da cultura (1994), de Homi Bhabha, e a Poética da relação (1990), de Édouard Glissant, na era do uso disseminado da internet. Dois estudos de caso serão examinados. Um deles é a colagem modificada de Simone Leigh de três locais ficcionais, feita em 2016: o Mammy’s Cupboard, em Natchez, Mississippi, e duas estruturas totêmicas dos pavilhões da África Equatorial e do Congo Belga, parte da Exposição Colonial Internacional de Paris, em 1931. Todos os três locais são ficções criadas por concepções erradas de “alteridade” e, para mapeá-los, faz-se uma configuração triangular que perpassa o Atlântico; contudo, a colagem de Leigh tem níveis rizomatosos de dispersão. O outro estudo de caso envolve El Paquete Semanal [O pacote semanal] (2016-17), uma colaboração entre o cubano Nestor Siré e a artista americana Julia Weist. A obra destaca a distribuição física de informações digitais através da entrega de pacotes no mercado clandestino. No núcleo desta fala, há também uma avaliação das apropriações e relações artísticas, ou seja, como artistas se envolvem com imagens e formatos diaspóricos para reavaliar narrativas pós-coloniais e examinar a transferência de conhecimento na era digital.
[On cultural appropriation in the digital age: Leigh, Siré, and Weist
What is the place of authorship and cultural appropriation in the digital age? This presentation is a re-visitation of Homi Bhabha’s Location of Culture (1994) and Édouard Glissant’s Poetics of Relation (1990) in the age of widespread Internet usage. Two case studies will be examined. One is Simone Leigh’s 2016 photoshopped collage of three fictional sites: Mammy’s Cupboard in Natchez, Mississippi, and two totem-like structures from the Equatorial Africa and the Belgian Congo pavilions, which were in the 1931 Exposition Coloniale Internationale de Paris. All three sites are fictions created by misconceptions of “otherness” and to map the sites we get a triangular configuration spanning the Atlantic; however, Leigh’s collage has rhizomatous levels of dispersion. The other case study is of El Paquete Semanal [The Weekly Package] (2016-2017), a collaboration between Cuban Nestor Siré and North American artist Julia Weist. El Paquete Semanal highlights the physical dispensation of digital information in a black market package drop. At the heart of this talk is an examination of artistic relations and appropriation, namely how artists engage with diasporic imagery and formats to re-evaluate post-colonial narratives and examine knowledge transference in the digital age.]
ELVIS FUENTES
O desencanto do regresso
Em 7 de dezembro de 1988, centenas de soldados cubanos foram enterrados numa cerimônia nacional para celebrar os “heróis internacionais”, segundo o nome que lhes foi dado pelo governo. Eles tinham morrido no conflito angolano, uma guerra por procuração entre Angola, auxiliada pela União Soviética, e a África do Sul, apoiada pelos Estados Unidos, bem no auge da Guerra Fria. Cuba interveio de 1974 a 1991 de acordo com as instruções de Moscou, com uma tropa de mais 36 mil soldados só no fim dos anos 1970. Ao todo, morreram de 3 a 5 mil cubanos, e milhares de outros ficaram feridos. A propaganda do governo apresentava essa intervenção militar sem precedentes num país estrangeiro como uma justa guerra de libertação. Acabou por se tornar o legado mais celebrado de Fidel Castro na África. Por causa disso, os danos humanos da Guerra e seu impacto na sociedade cubana se tornaram temas tabu. Obras de arte relacionadas à guerra angolana eram censuradas, a menos que fossem apologéticas. Um exemplo é o filme The Enchantment of Comeback (1990), premiado internacionalmente, que foi exibido uma única vez em Cuba. Décadas depois do fim da guerra, artistas cubanos estão começando a avaliar essa experiência traumática. Nesta apresentação, irei analisar o modo como alguns artistas contemporâneos cubanos desencavaram algumas dessas histórias que o governo tentou enterrar junto com seus heróis.
[The disenchantment of comeback
On December 7, 1988, hundreds of Cuban soldiers were buried in a nationwide ceremony to commemorate “international heroes,” as the government had named them. They had been killed in the Angolan conflict, a proxy war between Angola, supported by the Soviet Union, and South Africa, backed by the United States, at the peak of the Cold War. Cuba intervened from 1974 to 1991, following Moscow’s directives, with over 36,000 troops in late 1970s alone. In total, between 3,000 to 5,000 Cubans died, and several thousands more were wounded. Government propaganda presented this unprecedented military intervention in a foreign country as a just war of liberation. It became Fidel Castro’s most celebrated legacy in Africa. Due to this, the human toll of the war and its impact on Cuban society turned into taboo subject matters. Artworks related to the Angolan war were censored unless they were apologetic. For instance, the international award-winning film The Enchantment of Comeback (1990) was only screened once in Cuba. Decades after the war ended, Cuban artists are beginning to reckon with this traumatic experience. In this presentation, I will analyze the way in which some Cuban contemporary artists unearthed some of the stories that the government attempted to bury with its heroes.]
HUEY COPELAND
Histórias da arte agenciada
Nesta fala, oriunda de seu projeto atual de livro, chamado Touched by the Mother: On Black Men and Artistic Practice, 1966-2016, Huey Copeland se volta ao trabalho de Glenn Ligon com e sobre os cartazes “I AM A MAN”, que ficaram conhecidos depois dos protestos dos trabalhadores sanitários de Memphis em 1968. Por um lado, a fala traça os terrenos estético, histórico e teórico abertos pelas formas visuais, como é o caso dos cartazes desses manifestantes, que surgiram dentro da cultura e da identidade da diáspora africana e se tornaram fundamentais para sua formação na era moderna. Por outro lado, também explora como teorizações recentes de “agência” e “coisidade” contribuem para a escrita de histórias da arte mais radicais que lidam com os efeitos estruturais da violência contra os negros, além dos complexos entrelaçamentos entre artistas, obras de arte e historiadores da arte.
[Agential art histories
In this lecture drawn from the current book project, Touched by the Mother: On Black Men and Artistic Practice, 1966-2016, Huey Copeland returns to artist Glenn Ligon's work with and on the "I AM A MAN" posters made famous by protesting Memphis sanitation workers in 1968. On the one hand, the talk charts the aesthetic, historical, and theoretical terrains opened by visual forms, such as the protesters’ signs, which have emerged within and become central to the formation of African diasporic culture and identity in the modern era. On the other, it explores how recent theorizations of “agency” and “thingness” contribute to the writing of radical art histories that reckon with the structural effects of antiblack violence as well as the complex entanglements between artists, artworks, and art historians.]
[October 20th and 21st, from 10 am to 5:30 pm]
O seminário dá continuidade a uma primeira discussão realizada em outubro de 2016 e que teve a participação de pesquisadores, ativistas, curadores e teóricos. Em 2018, o MASP organizará um ano inteiro de exposições, palestras, oficinas, publicações e mostras de filmes em torno das histórias afro-atlânticas. Esse programa de um ano inclui várias exposições de artistas contemporâneos, como Julie Mehretu e Jean-Michel Basquiat, artistas brasileiros, como Rubem Valentim e Aleijadinho, entre outros. O projeto está ancorado em uma grande exposição intitulada Histórias Afro-Atlânticas, organizada pelo Instituto Tomie Ohtake em parceria com o Museu de Arte de São Paulo. A exposição reunirá uma vasta gama de obras de arte e documentos relacionados aos “fluxos e refluxos” (para usar a expressão de Pierre Verger) entre a África, as Américas, o Caribe e a Europa.
Histórias Afro-Atlânticas irá entrelaçar e justapor, pela primeira vez e em larga escala, imagens provenientes da África, das Américas, do Caribe e da Europa, do século XVI ao XXI, abrangendo uma variedade de tópicos – retratos, viagens e tráfico, celebração e religião, liberdade e abolição, punição e insurreição, ativismo, bem como afro-modernismo. O seminário de discussão de dois dias incluirá esses temas e terá a participação de curadores, artistas, pesquisadores e escritores.
[Afro-Atlantic Histories Seminar]
The seminar offers continuity to a first discussion that took place in October 2016 with the participation of researchers, activists, curators, and theorists. For 2018, MASP is organizing a whole year of exhibitions, talks, workshops, publications, and film screenings around the Afro-Atlantic histories. This year-long program includes several individual exhibitions – from contemporary artists, such as Julie Mehretu and Jean Michel Basquiat, to Brazilian mid-century figures, such as Rubem Valentim and Baroque sculptor Aleijadinho, among several others. The entire program is anchored in a major group exhibition titled Histórias Afro-Atlânticas [Afro-Atlantic Histories], organized both by Instituto Tomie Ohtake and Museu de Arte de São Paulo. The exhibition will gather a wide array of artworks and documents related to the “flows and reflows” (as Pierre Verger used to put) between Africa, the Americas, the Caribbean, and Europe.
Histórias Afro-Atlânticas will weave and juxtapose, for the first time and in large scale, images coming from Africa, the Americas, the Caribbean, as well as Europe, from the 16th to 21st century, encompassing a variety of topics – portraits, travels and traffic, celebration and religion, freedom and abolition, punishment and insurrection, activism, as well as Afro modernism. The discussions of these two days will approach such themes with the participation of curators, artists, researchers, and writers.
A retirada de ingressos será realizada duas horas antes do seminário, a partir das 8h, na bilheteria do Museu.
Será necessário o cadastro de e-mail, nome completo e a apresentação de um documento oficial na retirada do ingresso.
Cada ingresso é válido para 1 (um) dia de evento, sendo necessária a retirada em cada um dos dias.
Os certificados serão emitidos somente para os participantes que comparecerem nos dois dias do seminário, e serão enviados para o e-mail cadastrado previamente.
[Tickets will be available two hours before the seminar, from 8 am on, at the Museum’s box office.
A registration will be required for getting the tickets, comprising e-mail address, full name, and presentation of an official document.
Each ticket is valid for one (1) day of event, thus being necessary to do so for each of the two days.
Certificates will be issued only for those attending the two days of the seminar, and will be sent over e-mail to the previously registered address.]
ORGANZAÇÃO [ORGANIZATION]: Adriano Pedrosa, André Mesquita e [and] Lilia Moritz Schwarcz.
PROGRAMA [PROGRAM]
Sexta, 20 de outubro [Friday, October 20th]
10h – 10h30 [10 am – 10:30 am]
INTRODUÇÃO [INTRODUCTION]
10h30 – 12h30 [10:30 am to 12:30 pm]
TUMELO MOSAKA
Reflexões passadas e novas perspectivas: Uma nota curatorial
A África tem estado no centro de uma grande variedade de debates que moldaram a nossa compreensão contemporânea da criação do Novo Mundo. Com base em legados históricos como o Atlântico Negro, a escravidão e o colonialismo, hoje em dia artistas da África e da diáspora têm explorado novas formas de enfrentar a fixidade e as limitações associadas à interpretação da cultura negra. Irei apresentar os estudos selecionados extraídos da minha prática curatorial que se deslocam da escravidão no sul dos EUA para as representações coloniais no Caribe como exemplos de intercâmbio, contato e conflito em que a cultura negra se esforça para evoluir e refletir sobre as realidades contemporâneas.
[Past reflections and new perspectives: A curatorial note
Africa has been at the center of a wide variety of debates that have shaped our contemporary understanding of the making of the New World. Drawing from historical legacies such as the Black Atlantic, slavery, and colonialism, nowadays artists from Africa and the Diaspora have been exploring new ways of confronting the fixity and limitations associated with interpreting the Black culture. I will present selected studies drawn from my curatorial practice moving from slavery in the US South to colonial representations in the Caribbean as examples of exchange, contact, and conflict in which the Black culture strives to evolve and to reflect on contemporary realities.]
KALIA BROOKS NELSON
O eu plural: Raça, feminilidade e imagem de arquivo
Esta apresentação considera a fotografia como fonte de recuperação e renomeação de histórias pessoais para povos da diáspora africana. Fotografias familiares e outras imagens de arquivo são materiais que os artistas visuais usam como meio de criticar e reimaginar a posição do corpo negro dentro das narrativas coloniais e pós-coloniais. Irei me concentrar em artistas não-brancas que estão usando imagens encontradas como maneira de construir uma identidade que abraça a pluralidade de encontros que é parte inerente da experiência da diáspora. É central para o meu trabalho como curadora um compromisso contínuo com a noção de representação em relação a gênero e raça. Estou particularmente envolvida em observar os modos como os artistas empregam imagens para questionar e apresentar novas proposições de identificação radical através da prática artística contemporânea.
[The plural self: Race, femininity, and the archival image
The presentation considers the photograph as a source for reclaiming and renaming personal histories for people within the African diaspora. Family photographs and other archival images are materials that visual artists use as a means of critiquing and reimagining the position of the black body within colonial and post-colonial narratives. I will focus on women, artists of color who are using found images as the mode by which to construct an identity that embraces the plurality of encounters that are an inherent part of the diasporic experience. Central to my work as a curator is an ongoing engagement with the notion of representation as it relates to depictions of race and gender. I am particularly concerned with observing the ways artists are employing images to question and put forward new propositions of radical identification through the contemporary art practice.]
O'NEIL LAWRENCE
Retratando/Imaginando o corpo negro masculino na Jamaica pós-colonial
O Caribe às vezes parece ser um lugar de esquizofrenia cultural devido às muitas inseguranças e ambivalências que o colonialismo deixou em seu rastro. Para pessoas de ascendência africana, isso tem sido particularmente traumático, pois elas ficaram e permanecem desprotegidas pelas normas sociais e hierarquias raciais persistentes. O Caribe contemporâneo é um lugar de identidades complexas e muitas vezes contestadas, algo particularmente evidente na forma como são construídas as masculinidades. Nesse contexto, o corpo masculino e, especificamente, as imagens do corpo provaram ser uma arena para discursos complexos e contraditórios acerca da masculinidade e da sexualidade masculina, com fortes normas sociais em disputa. Os conceitos de masculinidade estiveram no centro dos projetos nacionais pós-coloniais que – como Melinda Edmondson colocou – se preocuparam em “fazer homens”, ou seja, em fazer assumidamente homens heteronormativos. A apresentação discutirá as maneiras pelas quais o corpo negro, através de suas diversas representações artísticas, permanece sendo um espaço político e contestado.
[Imaging/Imagining the black male body in postcolonial Jamaica
The Caribbean at times seems to be a place of cultural schizophrenia due to the many insecurities and ambivalences that colonialism has left in its wake. For people of African descent, it has been particularly traumatic as they have been and remain disenfranchised by lingering racial hierarchies and cultural norms. The contemporary Caribbean is a place of complex and often contested identities, and this is particularly evident in the way masculinities are constructed. In this context, the male body and specifically images of the body have proven to be an arena for complex and contradictory discourses on masculinity and male sexuality, with strong social norms contending. Concepts of masculinity have been at the center of the postcolonial national projects which – as Melinda Edmondson has put it – have concerned themselves with “making men,” that is, assumedly making normative heterosexual men. The presentation will discuss the ways in which the black body, through its varying artistic representations, has remained a political and contested space.]
14h – 16h [2 pm – 4 pm]
AYRSON HERÁCLITO
A reunião das margens do Atlântico: O sacudimento da Casa da Torre, na Bahia, e o sacudimento da Maison des Esclaves, em Gorée
O sacudimento ou o exorcismo afro-brasileiro de dois grandes monumentos arquitetônicos ligados ao tráfico atlântico de escravos e à colonização. Essa é a temática central das duas performances criadas pelo artista Ayrson Heráclito, realizadas em ação ritual em cada uma das margens atlânticas. Executada em 2015, a proposta articula as intervenções em dois grandes monumentos arquitetônicos: um associado ao antigo sistema colonial português, no caso da Casa da Torre dos Garcia d’Ávila, na Bahia, e o outro, ao sistema escravista que ligou a África a América, no caso da Maison des Esclaves [Casa dos Escravos], na ilha de Gorée. A obra retoma criticamente o passado colonial e o escravismo para refletir sobre as condições históricas e sociais do presente nas duas margens atlânticas, ou seja, quais as consequências duradouras da colonização e do escravismo para a África e para o Brasil.
[Reuniting the banks of the Atlantic: The dispossessions of Casa da Torre, in Bahia, and that of Maison des Esclaves, in Gorée
The African-Brazilian dispossession or exorcism of two major architectural monuments tied to colonization and the Atlantic slave trade. Such is the central topic of two performances proposed by artist Ayrson Heráclito and ritually performed in both sides of the Atlantic. Carried out in 2015, the proposition articulates interventions in two major architectural monuments: one associated with the ancient Portuguese colonial system, the Casa da Torre dos Garcia d’Ávila [Tower House of the Garcia d’Ávila], in Bahia, and the other attached to the slavery system that linked Africa and America, the Maison des Esclaves [House of Slaves], on Gorée Island. This work critically retrieves slavery and the colonial past in order to reflect on the current social and historical conditions in both of the Atlantic banks, i.e., what are the lasting consequences of colonization and slavery for both Africa and Brazil.]
REGINALDO PRANDI
Deuses, histórias e religiões afro-atlânticas
Ouvi dizer que Iemanjá partiu de Abeocutá, sua cidade africana, desceu o rio Ogum até o mar e que, ali chegando, encantou-se em uma concha, que uma bela mulher pôs no cabelo para se enfeitar. Presa por caçadores de escravos, essa mulher foi transportada através do Atlântico e vendida como escrava no Brasil. Trouxe no cabelo a concha, trouxe Iemanjá escondida em seu cabelo. Ouvi dizer também que Iemanjá se atirou no rio Ogum e nele se encantou num otá, uma pequena pedra branca e lisa, polida durante séculos pela areia do leito do grande rio. Uma sacerdotisa reconheceu Iemanjá na pedra que encontrou na margem do rio e a guardou em suas partes íntimas. Feita escrava, essa mulher foi levada a Cuba, carregando Iemanjá consigo. Assim Iemanjá chegou à América. São versões de uma mesma história que junta orixá, tráfico de escravos e conquista pelos deuses africanos de novas terras e, depois, de novas gentes. Uma entre mil histórias de lá e de cá do Atlântico, que servem para juntar o que estava separado.
[Afro-Atlantic deities, histories, and religions
I heard that Iemanjá left Abeokuta, her African hometown, went down the Ogum river and, once there, charmed herself into a shell that was then taken by a beautiful woman to adorn her hair. Made captive by slave hunters, this woman was brought over the Atlantic and sold as a slave in Brazil. The shell came in her hair, that is, Iemanjá came along hidden in her hair. I also heard that Iemanjá threw herself at the Ogum river and there charmed herself into an otá, a white pebble polished by the sand of the banks of the great river over the centuries. A priestess then recognized her in the pebble she found by the riverside and kept it on her private parts. Enslaved, this woman was taken to Cuba and carried Iemanjá along with her. That’s how Iemanjá came to America. Different versions of the same history, which gathers orishas, slave trade, as well as the conquering of new territories, and later new people, by the African gods. One among thousands of stories from both sides of the Atlantic, serving to reunite what was separated until then.]
EVELINE SINT NICOLAAS
Procurando por histórias: Os preparativos da exposição sobre escravidão em 2020
No outono de 2020, o Rijksmuseum organizará uma exposição sobre escravidão. A exposição será centrada ao redor de dez histórias pessoais de sujeitos escravizados e outros envolvidos, como marinheiros, agricultores e comerciantes. Vamos nos concentrar no envolvimento holandês na escravidão mundial e também incluir a escravidão na Ásia e África do Sul. Ao escolher uma configuração biográfica em vez de um ângulo histórico mais tradicional, esperamos tornar acessível essa importante história mútua para um público mais amplo. O desafio para os próximos anos será o de encontrar histórias e objetos, pois pessoas escravizadas tinham poucas posses e registros. Será que objetos coloniais podem fazer justiça à história dos escravos? Como garantir que a narrativa histórica não seja contada exclusivamente a partir de uma perspectiva ocidental? Desde o anúncio da exposição, em fevereiro de 2017, houve um grande e diversificado interesse do público. O Rijksmuseum está à procura de meios para incorporar essa participação pública nos preparativos e também durante a exposição.
[Searching for stories: The preparations of the exhibition on slavery in 2020
In the autumn of 2020, the Rijksmuseum will organize an exhibition on slavery. The exhibition will center around ten personal stories of enslaved people and others involved, like sailors, planters, and traders. We will focus on the Dutch involvement in worldwide slavery and also include slavery in Asia and South Africa. By opting for a biographical setup rather than a more traditional historical angle, we hope to make this important mutual history accessible for a broader audience. The challenge for the coming years will be to find stories and objects, since enslaved people had few possessions and records. Can colonial objects do justice to the history of the enslaved people? How do we ensure the historical narrative is not told exclusively from a Western perspective? Since the announcement of the exhibition in February 2017, there has been a great and diverse interest from the public. The Rijksmuseum is looking for ways to incorporate this public participation in the run-up to and during the exhibition.]
16h30-17h30 [4:30 pm – 5:30 pm]
Conferência [Conference]
DENISE FERREIRA DA SILVA
O evento racial
A apresentação fará uma leitura fractal de eventos de violência racial, oferecendo um procedimento desenhado com uma contribuição crítica a revisões recentes do materialismo histórico e teses decoloniais. Lendo episódios de violência racial fora do tempo, esta leitura expõe como os mecanismos e arquiteturas jurídicas e economias coloniais re(per)sistem como capitalismo global.
[The racial event
This presentation will perform a fractal reading of episodes of racial violence, offering a procedure elaborated with a critical contribution towards recent revisions of historical materialism and decolonial theses. Shedding light on out-of-time episodes of racial violence, the reading exposes how legal mechanisms and architectures, as well as colonial economies re(per)sist as global capitalism.]
Sábado, 21 de outubro [Saturday, October 21st]
10h30 – 12h30 [10:30 am – 12:30 pm]
CHIKA OKEKE-AGULU
Depois do modernismo: El Anatsui e a ideologia Sankofa
Na Bienal de Veneza de 2007, El Anatsui apresentou três esculturas de metal monumentais que surpreenderam críticos do mundo da arte ocidental-internacional e que desconheciam o seu trabalho. Desde aquela exposição, o artista ganhou reputação como um dos nomes mais interessantes que trabalham na cena da arte contemporânea global. Mesmo assim, críticos e estudiosos da arte contemporânea têm lutado para dar sentido a esses objetos de arte enigmáticos, formalmente complexos, frequentemente imponentes e impressionantes. Eles foram comparados com o tecido Kente do povo Akan da África Ocidental e, por esse mesmo motivo, também considerados como representação do exemplo moderno das ricas artes têxteis da África. Leituras mais requintadas os comparam com as brilhantes superfícies metálicas das pinturas de Gustave Klimt na virada do século XX. Em vez de simplesmente argumentar contra essas interpretações, faço uma leitura de como esses trabalhos funcionam como novos tipos de objetos que mudam de forma e são paradoxalmente vivos. Além disso, situo-os na obra de Anatsui, que inclui trabalhos importantes embora menos conhecidos, como algo que ilumina o papel da Sankofa – a ideologia política de meados do século XX promovida por Kwame Nkrumah, o nacionalista, panafricano e primeiro presidente de Gana – para moldar sua visão artística, política e estética.
[After modernism: El Anatsui and the Sankofa ideology
At the 2007 Venice Biennale, El Anatsui presented three monumental metal sculptures that stunned critics in the western-international art world previously unaware of his work. Since that exhibition, the artist has earned a reputation as one of the most exciting names working in the global contemporary art scene. Even so, critics and contemporary art scholars have struggled to make sense of these enigmatic, formally complex, frequently imposing, and impressive art objects. They have been compared to Kente cloth of the Akan people of West Africa, and thus said to represent a modern-day example of the rich textile arts of Africa. Fancier readings have compared them with the shimmering metallic surfaces of Gustave Klimt’s turn-of-the-20th-century paintings. Rather than simply argue against these readings, I read these works as a new kind of shape-shifting, paradoxically living objects. Moreover, I situate them within Anatsui’s oeuvre, which includes important though lesser known works in other media, but which illuminate the role of Sankofa – the mid-20th-century political ideology promoted by Kwame Nkrumah, the nationalist, Pan-Africanist, and first President of Ghana – in shaping his artistic vision, politics, and aesthetics.]
EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA
Herdeiros de Ananse: Memória social e as mitopoéticas de comunidades afrodescendentes em Minas Gerais
A partir de um corpus textual urdido em prosa (narrativas de preceito, histórias de vida) e verso (cantopoemas, ensalmos) em comunidades rurais e afrodescendentes de Minas Gerais, abordaremos algumas relações que os sujeitos dessas comunidades estabelecem entre os fatos sociais e a elaboração de seus discursos. Tais discursos são articulados em conformidade com uma linha epistemológica que contribui para a sustentação histórica e social dessas comunidades. Ao tecê-los, seus agentes cifram e decifram um sistema de valores tensionado, decorrente dos conflitos e das negociações que envolvem as suas experiências atuais e as de seus antepassados. Ao mesmo tempo, esses discursos se insinuam entre as informações geradas a partir de pesquisas que se baseiam em fontes objetivas, tais como os documentos oficiais, os monumentos, as bibliotecas etc. Ouvir o canto falado desses discursos constitui um desafio a quem deseja apreender, ainda que parcialmente, a densidade de suas perspectivas semânticas.
[Heirs of Ananse: Social memory and the mythopoetics of African descent communities in Minas Gerais
From a corpus of texts weaved in prose (precept narratives, life stories) and verse (sung poetry, psalms) in rural, African descent communities of Minas Gerais, we will approach some of the relations that members of these communities establish between social facts and the construction of their discourses, articulated in conformity with an epistemologic line that contributes to socially and historically sustain these communities. By weaving them, their agents cypher and decypher a tighten system of values, ensuing of the conflicts and negociations involving their current experiences, as well as that of their ancestors. At the same time, these discourses hint among research information based on objective sources, such as official documents, monuments, libraries, etc. To hear the spoken chant of their discourses constitutes a challenge for those wishing to aprehend, even if partially, what is the density of their semantic perspectives.]
CLAIRE TANCONS
O caminho da rua: Roadworks e o movimento independente dos Mas’ no carnaval de Trinidad
Metáforas marítimas marcaram o carnaval de Trinidad deste ano, caracterizando-o por seus marinheiros, muitos deles “sofisticados”, outros de “mau comportamento”, mas todos arrastados pelas orlas da capital das ilhas gêmeas de Trinidad e Tobago, como que para ancorar ainda mais o imaginário do Carnaval no locus do Carrus Navalis [Carro Naval], uma etimitologia outra e contestada que cerca o termo. Rejeitando a etimitologia aceita do Carnaval como vindo de Carne Levare [Adeus à carne] dentro do contexto colonial de comércio de carne humana, esta apresentação sugere uma teoria pós-colonial dessa comemoração baseada na experiência do tráfico negreiro, nas consequências das conquistas coloniais e seguindo os movimentos de independência da era contemporânea. Tudo isso se faz junto com uma apresentação simultânea da produção artística de um grupo selecionado de artistas visuais, estilistas, além de mulheres e homens Mas’ no carnaval de Trinidad em 2017, delineando a ideia do Mas’ (componente artístico do carnaval trinitário), testando o conceito do roadwork (trabalho de rua, expressão cunhada na esteira do trabalho de arte) e inaugurando a ideia de um movimento Mas’ independente que está transformando as práticas artísticas contemporâneas e carnavalescas de uma só vez. Nesse percurso, sugere-se que, assim como o oceano era a rota, os caminhos da rua contêm memórias e imaginários oceânicos, reimaginando e retratando o circum-atlântico.
[The way of the road: Roadworks and the independent Mas’ Movement in the Trinidad carnival
Maritime metaphors marked this year’s Trinidad Carnival for its sailors, mostly “fancy,” sometimes “bad-behaved,” washed up on the shores of the twin-island nation capital of Trinidad and Tobago as if to further anchor Carnival’s imaginary within the locus of the Carrus Navalis [Chariot of the Sea], Carnival’s other, contested etymythology. Dismissing Carnival’s accepted etymythology as Carne Levare [Farewell to the Flesh] within the colonial context of the commerce of human flesh, this presentation posits a postcolonial carnival theory rooted within the experience of the Middle Passage, in the aftermath of the colonial conquests, and following the independence movements of the contemporary era. It does so while simultaneously introducing the artistic productions of a select group of visual artists, fashion designers and mas(wo)men in the 2017 Trinidad Carnival, delineating the idea of Mas’ (the artistic component of the Trinidad Carnival), testing the concept of roadwork (coined after artwork), and inaugurating the idea of an independent Mas’ movement that is transforming contemporary artistic and carnival practices at once. In so doing, it suggests that, as ocean was the road, so does the way of the road contain the oceanic memories and imaginaries, reimagining and reimaging of the Circum-Atlantic.]
14h – 16h [2 pm – 4 pm]
ANDRIANNA CAMPBELL
Da apropriação cultural na era digital: Leigh, Siré e Weist
Qual é o lugar da autoria e da apropriação cultural na era digital? Essa apresentação revisita O local da cultura (1994), de Homi Bhabha, e a Poética da relação (1990), de Édouard Glissant, na era do uso disseminado da internet. Dois estudos de caso serão examinados. Um deles é a colagem modificada de Simone Leigh de três locais ficcionais, feita em 2016: o Mammy’s Cupboard, em Natchez, Mississippi, e duas estruturas totêmicas dos pavilhões da África Equatorial e do Congo Belga, parte da Exposição Colonial Internacional de Paris, em 1931. Todos os três locais são ficções criadas por concepções erradas de “alteridade” e, para mapeá-los, faz-se uma configuração triangular que perpassa o Atlântico; contudo, a colagem de Leigh tem níveis rizomatosos de dispersão. O outro estudo de caso envolve El Paquete Semanal [O pacote semanal] (2016-17), uma colaboração entre o cubano Nestor Siré e a artista americana Julia Weist. A obra destaca a distribuição física de informações digitais através da entrega de pacotes no mercado clandestino. No núcleo desta fala, há também uma avaliação das apropriações e relações artísticas, ou seja, como artistas se envolvem com imagens e formatos diaspóricos para reavaliar narrativas pós-coloniais e examinar a transferência de conhecimento na era digital.
[On cultural appropriation in the digital age: Leigh, Siré, and Weist
What is the place of authorship and cultural appropriation in the digital age? This presentation is a re-visitation of Homi Bhabha’s Location of Culture (1994) and Édouard Glissant’s Poetics of Relation (1990) in the age of widespread Internet usage. Two case studies will be examined. One is Simone Leigh’s 2016 photoshopped collage of three fictional sites: Mammy’s Cupboard in Natchez, Mississippi, and two totem-like structures from the Equatorial Africa and the Belgian Congo pavilions, which were in the 1931 Exposition Coloniale Internationale de Paris. All three sites are fictions created by misconceptions of “otherness” and to map the sites we get a triangular configuration spanning the Atlantic; however, Leigh’s collage has rhizomatous levels of dispersion. The other case study is of El Paquete Semanal [The Weekly Package] (2016-2017), a collaboration between Cuban Nestor Siré and North American artist Julia Weist. El Paquete Semanal highlights the physical dispensation of digital information in a black market package drop. At the heart of this talk is an examination of artistic relations and appropriation, namely how artists engage with diasporic imagery and formats to re-evaluate post-colonial narratives and examine knowledge transference in the digital age.]
ELVIS FUENTES
O desencanto do regresso
Em 7 de dezembro de 1988, centenas de soldados cubanos foram enterrados numa cerimônia nacional para celebrar os “heróis internacionais”, segundo o nome que lhes foi dado pelo governo. Eles tinham morrido no conflito angolano, uma guerra por procuração entre Angola, auxiliada pela União Soviética, e a África do Sul, apoiada pelos Estados Unidos, bem no auge da Guerra Fria. Cuba interveio de 1974 a 1991 de acordo com as instruções de Moscou, com uma tropa de mais 36 mil soldados só no fim dos anos 1970. Ao todo, morreram de 3 a 5 mil cubanos, e milhares de outros ficaram feridos. A propaganda do governo apresentava essa intervenção militar sem precedentes num país estrangeiro como uma justa guerra de libertação. Acabou por se tornar o legado mais celebrado de Fidel Castro na África. Por causa disso, os danos humanos da Guerra e seu impacto na sociedade cubana se tornaram temas tabu. Obras de arte relacionadas à guerra angolana eram censuradas, a menos que fossem apologéticas. Um exemplo é o filme The Enchantment of Comeback (1990), premiado internacionalmente, que foi exibido uma única vez em Cuba. Décadas depois do fim da guerra, artistas cubanos estão começando a avaliar essa experiência traumática. Nesta apresentação, irei analisar o modo como alguns artistas contemporâneos cubanos desencavaram algumas dessas histórias que o governo tentou enterrar junto com seus heróis.
[The disenchantment of comeback
On December 7, 1988, hundreds of Cuban soldiers were buried in a nationwide ceremony to commemorate “international heroes,” as the government had named them. They had been killed in the Angolan conflict, a proxy war between Angola, supported by the Soviet Union, and South Africa, backed by the United States, at the peak of the Cold War. Cuba intervened from 1974 to 1991, following Moscow’s directives, with over 36,000 troops in late 1970s alone. In total, between 3,000 to 5,000 Cubans died, and several thousands more were wounded. Government propaganda presented this unprecedented military intervention in a foreign country as a just war of liberation. It became Fidel Castro’s most celebrated legacy in Africa. Due to this, the human toll of the war and its impact on Cuban society turned into taboo subject matters. Artworks related to the Angolan war were censored unless they were apologetic. For instance, the international award-winning film The Enchantment of Comeback (1990) was only screened once in Cuba. Decades after the war ended, Cuban artists are beginning to reckon with this traumatic experience. In this presentation, I will analyze the way in which some Cuban contemporary artists unearthed some of the stories that the government attempted to bury with its heroes.]
HUEY COPELAND
Histórias da arte agenciada
Nesta fala, oriunda de seu projeto atual de livro, chamado Touched by the Mother: On Black Men and Artistic Practice, 1966-2016, Huey Copeland se volta ao trabalho de Glenn Ligon com e sobre os cartazes “I AM A MAN”, que ficaram conhecidos depois dos protestos dos trabalhadores sanitários de Memphis em 1968. Por um lado, a fala traça os terrenos estético, histórico e teórico abertos pelas formas visuais, como é o caso dos cartazes desses manifestantes, que surgiram dentro da cultura e da identidade da diáspora africana e se tornaram fundamentais para sua formação na era moderna. Por outro lado, também explora como teorizações recentes de “agência” e “coisidade” contribuem para a escrita de histórias da arte mais radicais que lidam com os efeitos estruturais da violência contra os negros, além dos complexos entrelaçamentos entre artistas, obras de arte e historiadores da arte.
[Agential art histories
In this lecture drawn from the current book project, Touched by the Mother: On Black Men and Artistic Practice, 1966-2016, Huey Copeland returns to artist Glenn Ligon's work with and on the "I AM A MAN" posters made famous by protesting Memphis sanitation workers in 1968. On the one hand, the talk charts the aesthetic, historical, and theoretical terrains opened by visual forms, such as the protesters’ signs, which have emerged within and become central to the formation of African diasporic culture and identity in the modern era. On the other, it explores how recent theorizations of “agency” and “thingness” contribute to the writing of radical art histories that reckon with the structural effects of antiblack violence as well as the complex entanglements between artists, artworks, and art historians.]
PARTICIPANTES [PARTICIPANTS]
Andrianna Campbell
Doutoranda do departamento de história da arte no CUNY Graduate Center, onde vem se especializando em arte americana do período moderno e contemporâneo. Seu trabalho de doutorado é centrado em Norman Lewis e no expressionismo abstrato. Em paralelo à pesquisa acadêmica, também escreve ensaios e críticas sobre arte contemporânea para a Artforum, Art in America, Frieze e Mousse. Em 2016, Campbell foi coeditora de Shift: A Graduate Journal of Visual and Material Culture, e também de uma edição especial da International Review of African American Art dedicada a Norman Lewis. É ainda editora fundadora da publicação Apricota, de críticas avaliadas por pares. Já lecionou na Parsons, na New School for Design e na Yale University.
[Doctoral candidate in the Department of Art History at the CUNY Graduate Center, where she specializes in American art in the modern and contemporary period. Her doctoral research focuses on Norman Lewis and Abstract Expressionism. Alongside her scholarly research, she is the author of essays and reviews on contemporary art for Artforum, Art in America, Frieze and Mousse. In 2016, Campbell was a co-editor of Shift: A Graduate Journal of Visual and Material Culture and a special edition of the International Review of African American Art dedicated to Norman Lewis. Campbell is a founding editor of the peer-reviewed journal Apricota. She has taught at Parsons, the New School for Design and Yale University.]
Ayrson Heráclito
Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC São Paulo, Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Suas obras transitam pela instalação, performance, fotografia e audiovisual, lidam com frequência com elementos da cultura afro-brasileira e suas conexões entre a África e sua diáspora na América. Foi curador-chefe da 3ª Bienal da Bahia (2014) e recebeu o prêmio de Residência Sesc_Videobrasil [Raw Material Company – Senegal]. Foi convidado pela curadora geral Christine Macel para participar da 57ª Bienal de Veneza (2017).
[Holds a PhD in Communication and Semiotics from PUC São Paulo, and a Master’s degree in Visual Arts from Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor of the Center of Arts, Humanities, and Letters (CAHL) of Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. His works move through installation, performance, photography, and video, often dealing with topics of the Afro-Brazilian culture, as well as the connections between Africa and its diaspora in America. He was the chief curator of the 3rd Bienal da Bahia (2014) and was awarded the Sesc_Videobrasil residency prize [Raw Material Company - Senegal]. Upon invitation of chief curator Christine Marcel, he also participated of the 57th Venice Biennale (2017).]
Chika Okeke-Agulu
Artista, curador e professor adjunto de história da arte do departamento de arte e arqueologia e do departamento de estudos afro-americanos da Princeton University. É autor de Obiora Udechukwu: Line, Image, Text (Skira Editore, 2016), Postcolonial Modernism: Art and Decolonization in Twentieth-Century Nigeria (Duke University Press, 2015), e também de Contemporary African Art Since 1980 (Damiani, 2009), junto com Okwui Enwezor. É também coeditor do Nka: Journal of Contemporary African Art e de vários outros livros. Em 2017, recebeu a menção honrosa do Arnold Rubin Award for Outstanding Publication, concedido pelo Arts Council of the African Studies Association.
[Artist, curator, and Associate Professor of Art History in the Department of Art & Archaeology and the Department for African American Studies at Princeton University. He is the author of Obiora Udechukwu: Line, Image, Text (Skira Editore, 2016), Postcolonial Modernism: Art and Decolonization in Twentieth-Century Nigeria (Duke University Press, 2015), and with Okwui Enwezor, of Contemporary African Art Since 1980 (Damiani, 2009). He is coeditor of Nka: Journal of Contemporary African Art and several books. In 2017, he received Honorable Mention, the Arnold Rubin Award for Outstanding Publication, from the Arts Council of African Studies Association.]
Claire Tancons
Enquanto curadora e acadêmica de performance, Claire Tancons fez experimentos acerca da estética política de caminhar, marchar, acompanhar na segunda fila, fantasiar-se e desfilar em performances públicas de grande escala como parte de bienais internacionais emergentes e já estabelecidas, como a Prospect New Orleans (2008); Bienal de Gwangju (2008); Bienal da Cidade do Cabo (2009); Bienal do Benim (2012) e Bienal de Göteborg (2013). Mais recentemente, Tancons foi curadora convidada da BMW Tate Live Series na Tate Modern (2014) e diretora artística de Tide by Side, cerimônia de abertura do Faena Forum Miami Beach (2016). Atualmente, é diretora artística de etcetera: a civic ritual para o Printemps de Septembre em Toulouse, França.
[As a curator and scholar of performance, Claire Tancons has experimented with the political aesthetics of walking, marching, second lining, masquerading, and parading in large-scale public performances as part of emerging and established international biennials including Prospect New Orleans (2008); the Gwangju Biennale (2008); the Cape Town Biennial (2009); Biennale Bénin (2012) and the Göteborg Biennial (2013). Tancons was more recently a guest curator for the BMW Tate Live Series at Tate Modern (2014) and the artistic director of Tide by Side, the opening ceremony of Faena Forum Miami Beach (2016). She is currently the artistic director of etcetera: a civic ritual for Printemps de Septembre in Toulouse, France.]
Denise Ferreira da Silva
Professora e diretora Institute for Gender, Race, Sexuality and Social Justice da University of British Columbia (Canadá), professora adjunta na Faculty of Art, Design, and Architecture da Monash University (Australia), e professora visitante de direito na School of Law, Birkbeck-University of London (Inglaterra). Autora de Toward a Global Idea of Race (University of Minnesota Press, 2007). Entre suas publicações recentes estão: “1 (Life) ÷ 0 (Blackness) = ∞−∞ or ∞/∞ On Matter beyond the Equation of Value”, no E-Flux Journal #79 (2017); “The Banalization of Racial Events”, na Theory & Event (2017); além de textos publicados nos catálogos das bienais de São Paulo (2016), Liverpool (2016), Veneza (2017) e na Documenta 14 (2017).
[Professor and head of the Institute for Gender, Race, Sexuality and Social Justice of the University of British Columbia (Canada), associate professor of the Faculty of Art, Design, and Architecture of the Monash University (Australia), and visiting professor at the School of Law of Birkbeck-University of London (England). Author of Toward a Global Idea of Race (University of Minnesota Press, 2007), her other recent publications include: “1 (Life) ÷ 0 (Blackness) = ∞−∞ or ∞/∞ On Matter beyond the Equation of Value,” E-Flux Journal # 79 (2017); “The Banalization of Racial Events,” Theory & Event (2017); in addition of texts published in the catalogs of the biennials of São Paulo (2016), Liverpool (2016), Venice (2016), and the Documenta 14 (2017).]
Edimilson de Almeida Pereira
Professor na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora. Publicou Do presépio à balança: Representações sociais da vida religiosa (1995), A saliva da fala: Notas sobre a poética banto-católica no Brasil (2017); Entre Orfe(x) e Exunouveau: Análise de uma epistemologia de base afrodiaspórica na literatura brasileira (2017). Em literatura infanto-juvenil, editou O primeiro menino (2013) e Poemas para ler com palmas (2017). Sua obra poética foi reunida nos volumes Zeosório blues, Lugares ares, Casa da palavra e As coisas arcas (2002-2003). Seus livros mais recentes são Novos poemas (2016) e Qvasi (2017).
[Professor at the Faculty of Letters of Universidade Federal de Juiz de Fora. His publications include Do presépio à balança: Representações sociais da vida religiosa (1995), A saliva da fala: Notas sobre a poética banto-católica no Brasil (2017); Entre Orfe(x) e Exunouveau: Análise de uma epistemologia de base afrodiaspórica na literatura brasileira (2017). In children’s literature, he edited O primeiro menino (2013) and Poemas para ler com palmas (2017). His poetic work was compiled in the volumes Zeosório blues, Lugares ares, Casa da palavra, and As coisas arcas (2002-2003). His most recent publications include Novos poemas (2016) and Qvasi (2017).]
Elvis Fuentes
Doutorando em história da arte na Rutgers University. De 2006 a 2013, atuou como curador no El Museo del Barrio, onde dirigiu um projeto de exposição Caribbean: Crossroads of the World, compartilhado por três instituições – El Museo del Barrio, The Studio Museum in Harlem e Queen Museum of Art, 2012 –, posteriormente apresentado também no Perez Art Museum Miami (2014). Fuentes atuou ainda como coeditor, junto da dra. Deborah Cullen, do compêndio Caribbean: Art at the Crossroads of the World (Yale University Press, 2012). Recentemente, foi nomeado curador chefe da 5a San Juan Poly/Graphic Triennial: Latin America and the Caribbean (2019).
[Ph.D. Candidate in Art History from Rutgers University. From 2006 to 2013, he served as Curator at El Museo del Barrio, where he directed the exhibition project Caribbean: Crossroads of the World, shared by three museums – El Museo del Barrio, The Studio Museum in Harlem and Queen Museum of Art, 2012 –, which was later presented also at Perez Art Museum Miami (2014). Fuentes also co-edited with Dr. Deborah Cullen the companion book Caribbean: Art at the Crossroads of the World (Yale University Press, 2012). Fuentes has recently been appointed chief curator of the 5th San Juan Poly/Graphic Triennial: Latin America and the Caribbean (2019).]
Eveline Sint Nicolaas
Curadora de história do Rijksmuseum em Amsterdã. Possui formações em história socioeconômica e em estudos culturais pela Universidade de Amsterdã e atua como curadora do departamento de história do Rijksmuseum desde 1998. As relações entre Holanda e Brasil, Suriname e Países Baixos Caribenhos compõem seu principal campo de interesse. Ela participou da equipe da exposição Frans Post: Animals from Brazil (2016) e publicou um elaborado artigo sobre a imagem em pergaminho do palácio Vrijburgh em Recife no Rijksmuseum Bulletin (2008). Em novembro próximo, será publicado seu livro Shackles and Bonds: Suriname and the Netherlands from 1600.
[Curator of History at the Rijksmuseum Amsterdam. She has degrees in Socio-Economic History and Cultural Studies from the University of Amsterdam and has been curator of the Department of History at the Rijksmuseum since 1998. The relationship between the Netherlands and Brazil, Surinam and the Caribbean Netherlands is her main field of interest. She has been part of the exhibition team Frans Post: Animals from Brazil (2016) and has published an elaborate article about the parchment image of Vrijburgh palace in Recife, in the Rijksmuseum Bulletin (2008). This November her book Shackles and Bonds: Suriname and the Netherlands from 1600 will be published.]
Huey Copeland
Professor adjunto de história da arte na Northwestern University (Evanston), com ramificações em estudos afro-americanos, teoria e prática artística, e também em estudos de gênero e sexualidade. Editor colaborador da Artforum e vencedor do Absolut Art Writing Award em 2017, Copeland tem um vasto currículo de publicações sobre arte moderna e contemporânea, com ênfase na centralidade da negritude para a articulação do campo visual ocidental. É também autor de Bound to Appear: Art, Slavery, and the Site of Blackness in Multicultural America, publicado em 2013 pela University of Chicago Press.
[Associate Professor of Art History at Northwestern University (Evanston) with affiliations in African American Studies, Art Theory & Practice, and Gender and Sexuality Studies. A contributing editor of Artforum and winner of the 2017 Absolut Art Writing Award, Copeland has published widely on modern and contemporary art, with an emphasis on the centrality of blackness to the articulation of the Western visual field. He is the author of Bound to Appear: Art, Slavery, and the Site of Blackness in Multicultural America, published in 2013 by the University of Chicago Press.]
Kalia Brooks Nelson
Escritora e curadora independente baseada em Nova York e professora adjunta do departamento de fotografia e imagem da Tisch School of the Arts, ligada à New York University. É doutora em estética e teoria da arte pelo Institute for Doctoral Studies in the Visual Arts. Nelson obteve seu mestrado em prática curatorial pelo California College of the Arts em 2006 e recebeu a bolsa Helena Rubinstein para estudos de crítica no programa independente de estudos do Whitney Museum em 2007/2008. Ela atua ainda como curadora consultora junto à cidade de Nova York através da Secretaria de Cultura e do Gracie Mansion Conservancy.
[New York based independent curator and writer and adjunct professor in the Department of Photography and Imaging at New York University’s Tisch School of the Arts. She holds a Ph.D. in Aesthetics and Art Theory from the Institute for Doctoral Studies in the Visual Arts. Nelson received her M.A. in Curatorial Practice from the California College of the Arts in 2006, and was a Helena Rubinstein Fellow in Critical Studies at the Whitney Independent Study Program 2007/2008. She has served as a consulting curator with the City of New York through the Department of Cultural Affairs and Gracie Mansion Conservancy.]
O’Neil Lawrence
Curador sênior da National Gallery of Jamaica e também artista, O’Neil Lawrence possui mestrado em estudos culturais em filosofia e graduação em literatura inglesa, sociologia e comunicação visual. Seus interesses de pesquisa incluem raça, gênero e sexualidade na arte e na cultura visual diaspórica do Caribe e da África; memória, identidade e arquivos ocultos. Lawrence também atuou como ensaísta para a publicação Pictures from Paradise: A Survey of Contemporary Caribbean Photography.
[Senior Curator at the National Gallery of Jamaica as well as an artist, O’Neil Lawrence has a MPhil in Cultural Studies and undergraduate degrees in English Literature, Sociology and Visual Communication. His research interests include race, gender and sexuality in Caribbean and African diasporal art and visual culture; memory, identity and hidden archives. Lawrence is also the essayist for Pictures from Paradise: A Survey of Contemporary Caribbean Photography.]
Reginaldo Prandi
Sociólogo e escritor, é professor titular sênior do Departamento de Sociologia da USP e autor, entre outros livros, de Mitologia dos orixás, Ifá, o adivinho, Minha querida assombração, Segredos guardados, Morte nos búzios, Os mortos e os vivos e Aimó. Entre diversos prêmios, recebeu da SBPC e do CNPq o Prêmio Érico Vannucci Mendes por sua atividade na preservação da memória cultural brasileira.
[Sociologist and writer, he is a senior full professor at the Sociology Department at USP, and the author of Mitologia dos orixás, Ifá, o adivinho, Minha querida assombração, Segredos guardados, Morte nos búzios, Os mortos e os vivos e Aimó, among others. He was also awarded several prizes, among which is the Érico Vannucci Mendes award from SBPC and CNPq, for his activity in preserving the Brazilian cultural memory.]
Tumelo Mosaka
Curador independente de Joanesburgo, África do Sul. Baseado nos Estados Unidos há mais de duas décadas, trabalhando dentro e fora de museus. Sua pesquisa curatorial se estende para além dos campos interdisciplinares da prática artística contemporânea, com foco na cultura visual da África e da diáspora. Seus projetos curatoriais incluem Turning Tide, no Mémorial ACTe Museum, em Guadalupe (2017); Andrew Lyght: Full Circle, no Dorsky Art Museum, em Nova York (2016); Poetic Relations, no Perez Art Museum, em Miami (2015); e a primeira edição da Bienal Internacional de Arte Contemporânea da Martinica (BIAC) em 2014. Atuou ainda como curador de arte contemporânea no Krannert Art Museum (KAM) em Urbana-Champaign, no Illinois, onde foi responsável pela curadoria de várias exposições. Atualmente, Mosaka é curador chefe da Cape Town Art Fair (2018).
[An independent curator from Johannesburg, South Africa. He has been based in the United States for over two decades working within and outside museums. His curatorial research extends beyond the interdisciplinary fields of contemporary art practice with a focus on visual culture from Africa and the diaspora. His curatorial projects include Turning Tide, at the Mémorial ACTe Museum, in Guadeloupe (2017); Andrew Lyght: Full Circle, at the Dorsky Art Museum, in New York (2016); Poetic Relations, at the Perez Art Museum, in Miami (2015), and the 1st edition of the International Biennale of Contemporary Art in Martinique (BIAC), in 2014. He was the contemporary art curator at the Krannert Art Museum (KAM) in Urbana-Champaign, Illinois, where he curated several exhibitions. Mosaka currently is based the chief curator for the Cape Town Art Fair (2018).]
Andrianna Campbell
Doutoranda do departamento de história da arte no CUNY Graduate Center, onde vem se especializando em arte americana do período moderno e contemporâneo. Seu trabalho de doutorado é centrado em Norman Lewis e no expressionismo abstrato. Em paralelo à pesquisa acadêmica, também escreve ensaios e críticas sobre arte contemporânea para a Artforum, Art in America, Frieze e Mousse. Em 2016, Campbell foi coeditora de Shift: A Graduate Journal of Visual and Material Culture, e também de uma edição especial da International Review of African American Art dedicada a Norman Lewis. É ainda editora fundadora da publicação Apricota, de críticas avaliadas por pares. Já lecionou na Parsons, na New School for Design e na Yale University.
[Doctoral candidate in the Department of Art History at the CUNY Graduate Center, where she specializes in American art in the modern and contemporary period. Her doctoral research focuses on Norman Lewis and Abstract Expressionism. Alongside her scholarly research, she is the author of essays and reviews on contemporary art for Artforum, Art in America, Frieze and Mousse. In 2016, Campbell was a co-editor of Shift: A Graduate Journal of Visual and Material Culture and a special edition of the International Review of African American Art dedicated to Norman Lewis. Campbell is a founding editor of the peer-reviewed journal Apricota. She has taught at Parsons, the New School for Design and Yale University.]
Ayrson Heráclito
Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC São Paulo, Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Suas obras transitam pela instalação, performance, fotografia e audiovisual, lidam com frequência com elementos da cultura afro-brasileira e suas conexões entre a África e sua diáspora na América. Foi curador-chefe da 3ª Bienal da Bahia (2014) e recebeu o prêmio de Residência Sesc_Videobrasil [Raw Material Company – Senegal]. Foi convidado pela curadora geral Christine Macel para participar da 57ª Bienal de Veneza (2017).
[Holds a PhD in Communication and Semiotics from PUC São Paulo, and a Master’s degree in Visual Arts from Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor of the Center of Arts, Humanities, and Letters (CAHL) of Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. His works move through installation, performance, photography, and video, often dealing with topics of the Afro-Brazilian culture, as well as the connections between Africa and its diaspora in America. He was the chief curator of the 3rd Bienal da Bahia (2014) and was awarded the Sesc_Videobrasil residency prize [Raw Material Company - Senegal]. Upon invitation of chief curator Christine Marcel, he also participated of the 57th Venice Biennale (2017).]
Chika Okeke-Agulu
Artista, curador e professor adjunto de história da arte do departamento de arte e arqueologia e do departamento de estudos afro-americanos da Princeton University. É autor de Obiora Udechukwu: Line, Image, Text (Skira Editore, 2016), Postcolonial Modernism: Art and Decolonization in Twentieth-Century Nigeria (Duke University Press, 2015), e também de Contemporary African Art Since 1980 (Damiani, 2009), junto com Okwui Enwezor. É também coeditor do Nka: Journal of Contemporary African Art e de vários outros livros. Em 2017, recebeu a menção honrosa do Arnold Rubin Award for Outstanding Publication, concedido pelo Arts Council of the African Studies Association.
[Artist, curator, and Associate Professor of Art History in the Department of Art & Archaeology and the Department for African American Studies at Princeton University. He is the author of Obiora Udechukwu: Line, Image, Text (Skira Editore, 2016), Postcolonial Modernism: Art and Decolonization in Twentieth-Century Nigeria (Duke University Press, 2015), and with Okwui Enwezor, of Contemporary African Art Since 1980 (Damiani, 2009). He is coeditor of Nka: Journal of Contemporary African Art and several books. In 2017, he received Honorable Mention, the Arnold Rubin Award for Outstanding Publication, from the Arts Council of African Studies Association.]
Claire Tancons
Enquanto curadora e acadêmica de performance, Claire Tancons fez experimentos acerca da estética política de caminhar, marchar, acompanhar na segunda fila, fantasiar-se e desfilar em performances públicas de grande escala como parte de bienais internacionais emergentes e já estabelecidas, como a Prospect New Orleans (2008); Bienal de Gwangju (2008); Bienal da Cidade do Cabo (2009); Bienal do Benim (2012) e Bienal de Göteborg (2013). Mais recentemente, Tancons foi curadora convidada da BMW Tate Live Series na Tate Modern (2014) e diretora artística de Tide by Side, cerimônia de abertura do Faena Forum Miami Beach (2016). Atualmente, é diretora artística de etcetera: a civic ritual para o Printemps de Septembre em Toulouse, França.
[As a curator and scholar of performance, Claire Tancons has experimented with the political aesthetics of walking, marching, second lining, masquerading, and parading in large-scale public performances as part of emerging and established international biennials including Prospect New Orleans (2008); the Gwangju Biennale (2008); the Cape Town Biennial (2009); Biennale Bénin (2012) and the Göteborg Biennial (2013). Tancons was more recently a guest curator for the BMW Tate Live Series at Tate Modern (2014) and the artistic director of Tide by Side, the opening ceremony of Faena Forum Miami Beach (2016). She is currently the artistic director of etcetera: a civic ritual for Printemps de Septembre in Toulouse, France.]
Denise Ferreira da Silva
Professora e diretora Institute for Gender, Race, Sexuality and Social Justice da University of British Columbia (Canadá), professora adjunta na Faculty of Art, Design, and Architecture da Monash University (Australia), e professora visitante de direito na School of Law, Birkbeck-University of London (Inglaterra). Autora de Toward a Global Idea of Race (University of Minnesota Press, 2007). Entre suas publicações recentes estão: “1 (Life) ÷ 0 (Blackness) = ∞−∞ or ∞/∞ On Matter beyond the Equation of Value”, no E-Flux Journal #79 (2017); “The Banalization of Racial Events”, na Theory & Event (2017); além de textos publicados nos catálogos das bienais de São Paulo (2016), Liverpool (2016), Veneza (2017) e na Documenta 14 (2017).
[Professor and head of the Institute for Gender, Race, Sexuality and Social Justice of the University of British Columbia (Canada), associate professor of the Faculty of Art, Design, and Architecture of the Monash University (Australia), and visiting professor at the School of Law of Birkbeck-University of London (England). Author of Toward a Global Idea of Race (University of Minnesota Press, 2007), her other recent publications include: “1 (Life) ÷ 0 (Blackness) = ∞−∞ or ∞/∞ On Matter beyond the Equation of Value,” E-Flux Journal # 79 (2017); “The Banalization of Racial Events,” Theory & Event (2017); in addition of texts published in the catalogs of the biennials of São Paulo (2016), Liverpool (2016), Venice (2016), and the Documenta 14 (2017).]
Edimilson de Almeida Pereira
Professor na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora. Publicou Do presépio à balança: Representações sociais da vida religiosa (1995), A saliva da fala: Notas sobre a poética banto-católica no Brasil (2017); Entre Orfe(x) e Exunouveau: Análise de uma epistemologia de base afrodiaspórica na literatura brasileira (2017). Em literatura infanto-juvenil, editou O primeiro menino (2013) e Poemas para ler com palmas (2017). Sua obra poética foi reunida nos volumes Zeosório blues, Lugares ares, Casa da palavra e As coisas arcas (2002-2003). Seus livros mais recentes são Novos poemas (2016) e Qvasi (2017).
[Professor at the Faculty of Letters of Universidade Federal de Juiz de Fora. His publications include Do presépio à balança: Representações sociais da vida religiosa (1995), A saliva da fala: Notas sobre a poética banto-católica no Brasil (2017); Entre Orfe(x) e Exunouveau: Análise de uma epistemologia de base afrodiaspórica na literatura brasileira (2017). In children’s literature, he edited O primeiro menino (2013) and Poemas para ler com palmas (2017). His poetic work was compiled in the volumes Zeosório blues, Lugares ares, Casa da palavra, and As coisas arcas (2002-2003). His most recent publications include Novos poemas (2016) and Qvasi (2017).]
Elvis Fuentes
Doutorando em história da arte na Rutgers University. De 2006 a 2013, atuou como curador no El Museo del Barrio, onde dirigiu um projeto de exposição Caribbean: Crossroads of the World, compartilhado por três instituições – El Museo del Barrio, The Studio Museum in Harlem e Queen Museum of Art, 2012 –, posteriormente apresentado também no Perez Art Museum Miami (2014). Fuentes atuou ainda como coeditor, junto da dra. Deborah Cullen, do compêndio Caribbean: Art at the Crossroads of the World (Yale University Press, 2012). Recentemente, foi nomeado curador chefe da 5a San Juan Poly/Graphic Triennial: Latin America and the Caribbean (2019).
[Ph.D. Candidate in Art History from Rutgers University. From 2006 to 2013, he served as Curator at El Museo del Barrio, where he directed the exhibition project Caribbean: Crossroads of the World, shared by three museums – El Museo del Barrio, The Studio Museum in Harlem and Queen Museum of Art, 2012 –, which was later presented also at Perez Art Museum Miami (2014). Fuentes also co-edited with Dr. Deborah Cullen the companion book Caribbean: Art at the Crossroads of the World (Yale University Press, 2012). Fuentes has recently been appointed chief curator of the 5th San Juan Poly/Graphic Triennial: Latin America and the Caribbean (2019).]
Eveline Sint Nicolaas
Curadora de história do Rijksmuseum em Amsterdã. Possui formações em história socioeconômica e em estudos culturais pela Universidade de Amsterdã e atua como curadora do departamento de história do Rijksmuseum desde 1998. As relações entre Holanda e Brasil, Suriname e Países Baixos Caribenhos compõem seu principal campo de interesse. Ela participou da equipe da exposição Frans Post: Animals from Brazil (2016) e publicou um elaborado artigo sobre a imagem em pergaminho do palácio Vrijburgh em Recife no Rijksmuseum Bulletin (2008). Em novembro próximo, será publicado seu livro Shackles and Bonds: Suriname and the Netherlands from 1600.
[Curator of History at the Rijksmuseum Amsterdam. She has degrees in Socio-Economic History and Cultural Studies from the University of Amsterdam and has been curator of the Department of History at the Rijksmuseum since 1998. The relationship between the Netherlands and Brazil, Surinam and the Caribbean Netherlands is her main field of interest. She has been part of the exhibition team Frans Post: Animals from Brazil (2016) and has published an elaborate article about the parchment image of Vrijburgh palace in Recife, in the Rijksmuseum Bulletin (2008). This November her book Shackles and Bonds: Suriname and the Netherlands from 1600 will be published.]
Huey Copeland
Professor adjunto de história da arte na Northwestern University (Evanston), com ramificações em estudos afro-americanos, teoria e prática artística, e também em estudos de gênero e sexualidade. Editor colaborador da Artforum e vencedor do Absolut Art Writing Award em 2017, Copeland tem um vasto currículo de publicações sobre arte moderna e contemporânea, com ênfase na centralidade da negritude para a articulação do campo visual ocidental. É também autor de Bound to Appear: Art, Slavery, and the Site of Blackness in Multicultural America, publicado em 2013 pela University of Chicago Press.
[Associate Professor of Art History at Northwestern University (Evanston) with affiliations in African American Studies, Art Theory & Practice, and Gender and Sexuality Studies. A contributing editor of Artforum and winner of the 2017 Absolut Art Writing Award, Copeland has published widely on modern and contemporary art, with an emphasis on the centrality of blackness to the articulation of the Western visual field. He is the author of Bound to Appear: Art, Slavery, and the Site of Blackness in Multicultural America, published in 2013 by the University of Chicago Press.]
Kalia Brooks Nelson
Escritora e curadora independente baseada em Nova York e professora adjunta do departamento de fotografia e imagem da Tisch School of the Arts, ligada à New York University. É doutora em estética e teoria da arte pelo Institute for Doctoral Studies in the Visual Arts. Nelson obteve seu mestrado em prática curatorial pelo California College of the Arts em 2006 e recebeu a bolsa Helena Rubinstein para estudos de crítica no programa independente de estudos do Whitney Museum em 2007/2008. Ela atua ainda como curadora consultora junto à cidade de Nova York através da Secretaria de Cultura e do Gracie Mansion Conservancy.
[New York based independent curator and writer and adjunct professor in the Department of Photography and Imaging at New York University’s Tisch School of the Arts. She holds a Ph.D. in Aesthetics and Art Theory from the Institute for Doctoral Studies in the Visual Arts. Nelson received her M.A. in Curatorial Practice from the California College of the Arts in 2006, and was a Helena Rubinstein Fellow in Critical Studies at the Whitney Independent Study Program 2007/2008. She has served as a consulting curator with the City of New York through the Department of Cultural Affairs and Gracie Mansion Conservancy.]
O’Neil Lawrence
Curador sênior da National Gallery of Jamaica e também artista, O’Neil Lawrence possui mestrado em estudos culturais em filosofia e graduação em literatura inglesa, sociologia e comunicação visual. Seus interesses de pesquisa incluem raça, gênero e sexualidade na arte e na cultura visual diaspórica do Caribe e da África; memória, identidade e arquivos ocultos. Lawrence também atuou como ensaísta para a publicação Pictures from Paradise: A Survey of Contemporary Caribbean Photography.
[Senior Curator at the National Gallery of Jamaica as well as an artist, O’Neil Lawrence has a MPhil in Cultural Studies and undergraduate degrees in English Literature, Sociology and Visual Communication. His research interests include race, gender and sexuality in Caribbean and African diasporal art and visual culture; memory, identity and hidden archives. Lawrence is also the essayist for Pictures from Paradise: A Survey of Contemporary Caribbean Photography.]
Reginaldo Prandi
Sociólogo e escritor, é professor titular sênior do Departamento de Sociologia da USP e autor, entre outros livros, de Mitologia dos orixás, Ifá, o adivinho, Minha querida assombração, Segredos guardados, Morte nos búzios, Os mortos e os vivos e Aimó. Entre diversos prêmios, recebeu da SBPC e do CNPq o Prêmio Érico Vannucci Mendes por sua atividade na preservação da memória cultural brasileira.
[Sociologist and writer, he is a senior full professor at the Sociology Department at USP, and the author of Mitologia dos orixás, Ifá, o adivinho, Minha querida assombração, Segredos guardados, Morte nos búzios, Os mortos e os vivos e Aimó, among others. He was also awarded several prizes, among which is the Érico Vannucci Mendes award from SBPC and CNPq, for his activity in preserving the Brazilian cultural memory.]
Tumelo Mosaka
Curador independente de Joanesburgo, África do Sul. Baseado nos Estados Unidos há mais de duas décadas, trabalhando dentro e fora de museus. Sua pesquisa curatorial se estende para além dos campos interdisciplinares da prática artística contemporânea, com foco na cultura visual da África e da diáspora. Seus projetos curatoriais incluem Turning Tide, no Mémorial ACTe Museum, em Guadalupe (2017); Andrew Lyght: Full Circle, no Dorsky Art Museum, em Nova York (2016); Poetic Relations, no Perez Art Museum, em Miami (2015); e a primeira edição da Bienal Internacional de Arte Contemporânea da Martinica (BIAC) em 2014. Atuou ainda como curador de arte contemporânea no Krannert Art Museum (KAM) em Urbana-Champaign, no Illinois, onde foi responsável pela curadoria de várias exposições. Atualmente, Mosaka é curador chefe da Cape Town Art Fair (2018).
[An independent curator from Johannesburg, South Africa. He has been based in the United States for over two decades working within and outside museums. His curatorial research extends beyond the interdisciplinary fields of contemporary art practice with a focus on visual culture from Africa and the diaspora. His curatorial projects include Turning Tide, at the Mémorial ACTe Museum, in Guadeloupe (2017); Andrew Lyght: Full Circle, at the Dorsky Art Museum, in New York (2016); Poetic Relations, at the Perez Art Museum, in Miami (2015), and the 1st edition of the International Biennale of Contemporary Art in Martinique (BIAC), in 2014. He was the contemporary art curator at the Krannert Art Museum (KAM) in Urbana-Champaign, Illinois, where he curated several exhibitions. Mosaka currently is based the chief curator for the Cape Town Art Fair (2018).]