Céline Condorelli Conversation Piece, 2016
Céline Condorelli Conversation Piece, 2016
Sobre o seminário O seminário internacional tem como objetivo fomentar a discussão sobre os posicionamentos dos museus em relação aos seus públicos. Como continuidade do seminário "Políticas de mediação: arte, educação e democracia cultural", co-organizado com Cayo Honorato, em junho de 2015, o seminário em 2016 está centrado no diálogo das instituições culturais com a esfera pública e os processos sociais, na busca por uma educação democrática e para a autonomia. Os convidados são educadores, curadores, artistas e escritores cujas pesquisas envolvem o campo da educação e mediação. Políticas da mediação: Playgrounds se divide em dois momentos, palestras na parte da manhã e sessões de trabalho na parte da tarde. Por meio de apresentações individuais, as palestras visam estabelecer uma reflexão sobre experiências históricas e recentes nas intersecções entre arte, educação e política. As sessões de trabalho ocorrerão simultaneamente e em grupos de até 30 pessoas, colocando em perspectiva o que se pratica em distintas instituições culturais.
Programação (clique para mostrar/ocultar)
sexta-feira, 15 de abril
9h - credenciamento e inscrições para sessões de trabalho

10h - Introdução (Luiza Proença e Thais Olmos)

Palestras

10h30-11h30

Lars Bang Larsen - The Model. A Model for a Qualitative Society
Concebida pelo artista Palle Nielsen e sua rede de ativistas de playgrounds, The Model. A Model for a Qualitative Society [O Modelo. Um Modelo para uma sociedade qualitativa] foi uma utopia de massa de arte ativista sob a forma de um playground para crianças: em outubro de 1968, o Moderna Museet em Estocolmo abriu suas portas a todas as crianças para brincar livremente com seus próprios modelos sociais. Muito ausente da história da arte, e muitas vezes mal representado como um precursor de programas educacionais de hoje, The Model afirma radicalmente o direito das crianças à cidade e a possibilidade do jogo como produção. O que a infância e o jogo podem significar em um contexto artístico e institucional contemporâneo?

11h30-12h30
Maria Berrios - Museo de la Solidaridad Salvador Allende. Luta como a educação
Esta palestra abordará o episódio de como uma campanha de contrainformação realizada no início dos anos 1970, defensora de uma "revolução sem armas", materializou-se em um museu experimental baseado na premissa de que arte e política são inseparáveis. Ao partir de uma "bela e generosa" ideia de um lugar gratuito e aberto a todos, indo contra o monopólio geopolítico de uma arte guiada pelos interesses das metrópoles capitalistas, a auto-proclamação de um "Museu da Solidariedade" pode ser considerada como um órgão para a resistência. Concebido como uma coleção "para o povo, pelo povo" para apoiar as lutas emancipatórias do Terceiro Mundo no final de 1973 o Museo de la Solidaridad foi composto por mais de 600 obras de arte e continuou a crescer durante a sua existência itinerante como um espaço de uma resistência em exílio.

12h30-13h30
Rodrigo Nunes - Uma relação entre relações: repensar a mediação
Uma das marcas do pensamento contemporâneo (entendido aqui no sentido mais amplo) tem sido, desde o século 20, o desejo de substituir uma ontologia da substância por uma ontologia das relações. Ao invés das essências, das coisas que existem em e por si, deseja-se pensar o modo como tudo existe através e por meio de outras coisas, como todas as coisas constituem-se entre si. Contemporâneo a esta transformação do pensamento, e bebendo em grande parte nas mesmas fontes filosóficas, observa-se na política um desejo crescente de pôr fim à mediação. A pergunta que se impõe é: são estes dois desejos compatíveis, ou entram eles em contradição entre si? Apoiando-se tanto no pensamento transdutivo de Gilbert Simondon como nas reflexões sobre a prática de Paulo Freire e da Teologia da Libertação, esta apresentação visa propor uma outra compreensão da ideia de mediação - capaz ao mesmo tempo de problematizar e responder a este desejo. Por último, ela pretende ainda extrair algumas consequências práticas daí para se pensar a relação entre o social, o político e as instituições de arte.


SESSÕES DE TRABALHO* - Os museus e seus entornos
15h-17h

Grupo 1)
Maria Eugênia Salcedo - Laboratório Inhotim, Brumadinho

Grupo 2)
Gabriela Aidar - Ação Extramuros, Pinacoteca do Estado de São Paulo

Grupo 3)
Bárbara Jimenez - Domingo MAM, Museu de Arte Moderna de São Paulo

*Cada uma das sessões de trabalho tem capacidade máxima de 40 pessoas, os lugares serão preenchidos por ordem de inscrição. Para inscrever-se registre seu interesse durante o credenciamento no museu, na manhã do evento.

sábado, 16 de abril
9h - início de credenciamento e inscrições para sessões de trabalho

10h30-11h30

Lilian Kelian - Tensões da liberdade nas práticas educativas
A liberdade pode ser instituída? Por meio de que mecanismos a liberdade se institui e se renova? Como se acumula e se transforma? Estas questões e seus arredores é aqui considerada pano de fundo para as teorias e as práticas do movimento da educação democrática. A palestra irá percorrer algumas tensões presentes no conceito de "democracia" e investigar como os profissionais que atuam em instituições culturais (educadores/mediadores, artistas, curadores e gestores) constroem sentidos a partir dessas tensões e além delas.

11h30-12h30
Mônica Hoff - Quando a educação não cabe no educational turn
Ao longo do século 20, muitos foram os esforços para fazer do diálogo entre arte e educação uma condição de existência. Há quem diga que são dois aspectos de uma mesma unidade. O debate é perpétuo - tanto para um quanto para outro. Nas últimas duas décadas tal intimidade parece ter-se intensificado sobremaneira no campo da arte. Artistas e curadores, primeiro, e instituições, por conseguinte, passaram a operar cada vez mais numa espécie de práxis educacional expandida se valendo de métodos, teorias, narrativas e debates procedentes do campo da educação. A tal fenômeno foi dado o nome de educational turn. As contingências, tensionamentos, desvios e o que não cabe (institucionalmente) nele são o que esta apresentação pretende localizar e discutir.

12h30-13h30
Ruth Noack - Enquadrando crianças: um estudo em Rosa e Azul
Seria o jogo uma arma útil para se posicionar contra o regime disciplinar da educação? Será que precisamos conceber o museu como uma sala de aula ou como um playground? A palestra é uma tentativa de lidar com algumas das questões que surgem quando começamos a imaginar as crianças como agentes do tipo de esfera pública que chamamos de "museu".


SESSÕES DE TRABALHO* - Os museus e seus entornos
15h - 17h

Grupo 1)
Sofia Victorino - Espaços de participação criativa, Whitechapel Gallery, Londres

Grupo 2)
Gleyce Heitor - Museu, territórios e agenciamentos, MAR, Museu de Arte do Rio

*Cada uma das sessões de trabalho tem capacidade máxima de 40 pessoas, os lugares serão preenchidos por ordem de inscrição. Para inscrever-se registre seu interesse durante o credenciamento no museu, na manhã do evento.
Participantes (clique para mostrar/ocultar)
Bárbara Ganizev Jimenez (Vive em São Paulo).
É formada em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). É educadora do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e responsável pelo programa Domingo MAM. Possui pesquisas sobre cultura popular brasileira afrodescendente e literatura infantil.

Gabriela Aidar (Vive em São Paulo). É graduada em História pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Estudos de Museus de Arte pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC-USP), e em Museologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia, ambos da USP. Obteve o título de Master of Arts in Museum Studies pela Universidade de Leicester, na Inglaterra. Foi coordenadora do Programa de Inclusão Sociocultural do Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca do Estado de São Paulo e atualmente coordena os Programas Educativos Inclusivos deste museu.

Gleyce Kelly Heitor (Vive no Rio de Janeiro).
É educadora e pesquisadora. Graduada em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestre em Museologia pela UniRio. Tem experiência com projetos voltados pela relação entre o museu e a escola, formação de mediadores, acessibilidade sociocultural e programas públicos. Se interessa por história do museu e da museologia, pela relação entre museu, arte contemporânea e educação e pelas interfaces entre museu e pensamento social brasileiro. Atualmente é Coordenadora Pedagógica no Museu de Arte do Rio - MAR.

Lars Bang Larsen (Silkeborg, Dinamarca. Vive em São Paulo).
Junto com Gabi Ngcobo, Sofía Olascoaga, Júlia Rebouças e Jochen Volz, Lars é atualmente curador de Incerteza viva, a 32a Bienal de São Paulo. Lars curou e cocurou diversas exposições coletivas como Believe Not Every Spirit, But Try the Spirits (MUMA, Melbourne 2015) e Reflections from Damaged Life (Raven Row, London 2013). Entre seus livros publicados se encontram Networks (MIT Press 2014), e The Model. A Model for a Qulitative Society 1968 (MACBA, 2010). Uma seleção de seus textos, Arte y norma, está atualmente sendo publicada em espanhol pela Cruce Casa Editores.

Lilian Kelian (São Paulo. Vive em São Paulo).
É historiadora formada pela Universidade de São Paulo (USP). Militante da rede internacional de educação democrática, atua há 16 anos na educação de crianças e jovens, na formação de educadores, gestão e avaliação de projetos educacionais. Atualmente seu foco está na gestão compartilhada de conhecimentos e respectiva sistematização como estratégias para a solução de conflitos institucionais. Em 2014, participou de dois projetos para 31 ª Bienal de São Paulo com Graziela Kunsch, um curso para educadores e a Revista Urbânia que enfoca experiências educativas contrahegemônicas.

María Berríos (Santiago de Chile. Vive em Copenhagem). É socióloga, curadora e escritora. Ela é membro-fundadora, juntamente com os artistas Ignacio Gumucio e Francisca Sanchez, do coletivo vaticanochico. Junto com Jakob Jakobsen participou da 31a Bienal de São Paulo, com o projeto \\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\"A revolução deve ser uma escola de pensamento irrestrito\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\\". Atualmente desenvolve tese de doutorado sobre segredo, ocultamento e desaparecimento como forma.

María Eugênia Salcedo Repolês (Quito, Equador. Vive em Belo Horizonte).
É artista e educadora, pós-graduada em arte e cultura contemporânea pela Universidade do Estado de Minas Gerais/ Escola Guignard. Em junho de 2015 deixou o Instituto Inhotim depois de uma trajetória de dez anos de criação e coordenação do departamento de Educação. No Inhotim ela foi responsável por diversos projetos, dando destaque para a concepção do Laboratório Inhotim, programa que foi contemplado em 2010 com o Prêmio Darcy Ribeiro, em 2008 recebeu um dos primeiros lugares no prêmio do Itaú Cultural, Rumos Educação, Cultura e Arte. Ela trabalha e pesquisa as áreas de educação, arte e mediação desde 1998 em países como o Brasil, Índia e Equador. Atualmente suas pesquisas incluem os conceitos de mediação online e meio ambiente. María Eugênia é colaboradora especialista de educação para a formação e mediação da 32a Bienal de São Paulo.

Mônica Hoff (Porto Alegre. Vive em Florianópolis).
É artista, curadora e pesquisadora. De 2006 a 2014, coordenou o projeto pedagógico da Bienal do Mercosul, atuando também como curadora de base e coordenadora do Programa Redes de Formação da nona edição do evento, em 2013. Desde 2014, realiza, em parceria com a curadora Fernanda Albuquerque, o Laboratório de Curadoria, Arte e Educação em diferentes cidades brasileiras, e prepara para 2016 três outros projetos: Escola de Surf-etc; Trabalhos domésticos, com a curadora e pesquisadora Valquíria Prates; e Escola Extraordinária do Desterro, com a curadora Kamilla Nunes. Nos últimos anos têm colaborado com projetos e instituições nacionais e internacionais como Matadero Madrid, Museo Picasso Málaga, Liverpool Biennial, Colección Cisneros, New Museum/NY, Casa Daros, Instituto MESA, De Appel Arts Centre, NC-Arte, Alumnos 47, entre outros.

Rodrigo Guimarães Nunes (Vive no Rio de Janeiro)
É professor de filosofia moderna e contemporânea na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). É autor de Organisation of the Organisationless: Collective Action After Networks (Londres, 2014: Mute) e recentemente editou um dossiê sobre a conjuntura brasileira pós-junho de 2013 para a revista francesa Les Temps Modernes. É PhD pelo Goldsmiths College, Universidade de Londres e colaborador de diversas publicações nacionais e internacionais nas áreas de filosofia, política e arte, como como Radical Philosophy, International Journal of Communication, Mute, Le Monde Diplomatique, Serrote, Jacobin, The Guardian e Al Jazeera.

Ruth Noack (Heidelberg, Alemanha. Vive em Berlim)
Treinada como artista visual e historiadora de arte, realizou numerosas palestras e trabalha como curadora, crítica e escritora. Ela foi curadora da Documenta 12 e mostras recentes incluem Notes on Crisis, Currency and Consumption em Viena, 2015 e a primeira exposição individual de Ines Doujak em Londres, 2012. Noack dirigiu o programa de Curating Contemporary Art do Royal College of Arts, em Londres. Ela era foi professora ?aloun na AVU, em Praga e conduziu o curso internacional para curadores na Bienal de Gwangju em 2014. Atualmente é curadora-tutora no Dutch Art Institute Roaming Academy. Entre suas publicações está o livro sobre Sanja Ivekovic e Agency, Ambivalence, Analysis. Approaching the Museum with Migration in Mind (ambos de 2013).

Sofia Victorino (Portugal. Vive em Londres).
Desde 2011 é chefe Daskalopoulos de Educação e Programas Públicos na Whitechapel Gallery em Londres, onde é responsável por liderar um programa de residências artísticas, comissões, escolas e projetos comunitários, palestras e eventos. Anteriormente foi chefe de Educação e Programas Públicos na Fundação de Serralves, Porto (2002-2011). Seus interesses de pesquisa se concentram em práticas artísticas colaborativas socialmente engajadas e, o impacto da globalização nas instituições culturais e programação, bem como o local do performativo em reconfigurar novas relações com o público.
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